sexta-feira, dezembro 26, 2008

aconchego

photo: revello_unknown


sentado à janela,
a escutar a noite!
a lua sorri,
as nuvens passam
correndo atarefadas
e na cama,
os lençóis revelam
mais do que escondem
as nuas curvas do teu corpo
olho-te sorrindo,
enquanto repousas no meu leito.
a noite imprime cores
que deslizam sobre ti
aproximo-me,
levo a mão, a percorrer suave
o teu perfil…
enquanto guardo no aconchego
os nossos corpos
e faço deslizar o tecido
que nos abriga…
beijo-te o ombro,
envolvo-te num abraço
e adormeço…

Bruno Ribeiro
Lx. 14.Dez.008

segunda-feira, dezembro 22, 2008

cachoeira

photo: st_helder mendes


redondas,
estas pedras que rebolam,
empurradas pela viagem do rio,
que amassam o meu corpo
e rasgam as roupas
que se fragmentam em sensações
espalhando-se pela água
nuas!
rio selvagem,
de desejos que se vazam
em forma de cascata
e me atira…
sobre um lago
envolvo-me na espuma
entre a areia e a água
e volto à superfície!
à minha volta
a multidão de uma selva desértica,
com timbre de músicas que desconheço,
atento…
mergulho…
e perco-me no tempo
saboreando o momento…
enquanto danço pela água
um vulto aproxima-se…
viro o olhar molhado
cego pelo sol…
vulto curvilíneo…
fecho os olhos e volto a abrir
para ver melhor
mas mergulhou e desapareceu…
sobre as águas agora calmas…
e nervosas… de suspense
procuro no horizonte
os movimentos desse vulto…
sinto perto de mim…
algo a agarrar-me
umas mãos…
a trepar pelas pernas…
um corpo…
a colar-se ao meu…
e por fim o olhar…
que me fixa…
que me prende…
que me beija…

dois corpos nus
que rebolam
entre as partículas de água!


Bruno Ribeiro
Lx. 10.Dez.008

segunda-feira, dezembro 15, 2008

lágrimas de nanquim

photo: o guardião do silêncio_mariah


deixo que a tinta desta caneta
derrame os sentidos do meu sentir
sobre a nudez desta folha branca
que vagueia sobre o presente
memórias de um qualquer passado!

deixo seco o meu olhar
derramando no ar que me beija a pele
a nudez dos meus sentidos
que vagueiam em mim
memórias que vão e vêm, sem convite.

lanço, pousando sobre o rio que sobe
devagar sobre as minhas mãos
um breve papiro em forma de barco
que se dilui no esquecimento
e vagueia nos mares do meu sentir.

e desce, silenciosa
a lágrima do meu olhar,
na sombra do sorriso ausente,
que me afaga, sem consentimento,
e contorna o meu rosto.

fossem breves as lembranças
para que as noites fossem dormidas
no descanso do luar..
fossem apagadas as memórias
para que os dias tivessem sol
no descanso do meu olhar…


porque me beija a solidão?
e me abraça o silêncio de ti ausente?

agora que a tinta seca
e a lágrima se derrama
viajo no inconsciente
para te esquecer
ou não te lembrar…
mas aqui estás…
sempre com aquele sorriso
que me esgana, que me sufoca
em mim mesmo!

Bruno Ribeiro
PMS. 27.Ago.008

quarta-feira, dezembro 10, 2008

olhando

photo: quando o tempo se ausenta_heliz

imagino-te assim…
olhando-me,
enquanto cantas através do olhar
que me envolve,
que me cativa,
que me aconchega…
sorrimos
e vagueamos entre conversas
que o tempo não importa,
porque assim estamos,
olhos nos olhos,
envolvendo-nos, abraçando-nos!
estendo a mão à tua mão
e levas-me a dançar
pela música trazida pelo vento
sem saber dançar…
mas não importa
porque estamos assim,
perdidos no tempo,
porque ele não importa.

ai! esses lábios macios
que me chamam
no silêncio do beijo…

Bruno Ribeiro
Lx. Out.008

sábado, dezembro 06, 2008

no fundo do mar

photo: o barco esquecido_heliz

mergulho na imensidão azul
e envolvo-me na espuma do mar
porque navego através do que sinto
e sufoco no próprio sentir…
beijado pelo sal das ondas
consciência sentida de uma lágrima perdida
que vagueia, esquiçada no meu rosto
também ele perdido…
o ar que foge do corpo
para se libertar de mim
os pulmões que respiram água
alívio de qualquer dor!
são sementes de pânico
estas deixadas sob o meu olhar
imperturbável pelo sal que sinto…

‘tento e tentei…
percorrer o mundo sem ti
mas a ti volto todas as noites
num delírio que me aprisiona
entre o perfume da memória
o perfume do sentir, perfume de ti!

‘tento e tentei…
apagar e afogar o que sinto
mas não se perde
na incolor ausência de ti

por isso afogo o meu corpo
na inconstância do meu ser
que sente e bate por ti…
são parcas as palavras
muito raras as que me aliviam
deste fustigado olhar vazio
por entre as gentes da solidão!

fossem as tuas palavras presentes
para aliviarem o meu coração…
sufoco este,
que me converte num suspiro
esquecido por entre o vento!
já me perdi,
nesta mancha azul
em que o ar se esvai
já me rendi,
às forças que não tenho
e assim me afundo…

sou… mais um grão de areia!

Bruno Ribeiro
Lx. 20.Set.008

segunda-feira, novembro 24, 2008

olhar versado

photo: põe o corpo em cada letra..._heliz


porque me inquietam
estas brisas do passado
que tento não relembrar
tão presentes, tão sentidas…


talvez no agora, esteja bem,
ou não.
nesta fria luz da solidão
que me abraça e sossega
mas,
porque me inquieta?
se sei que esta é a solução
pois, talvez no agora, esteja bem!
então porque me segreda a alma
estes versos tingidos no meu olhar
que brotam em forma de lágrimas
já vazias de sal.
versos que me avassalam neste sentimento
de opostos vazios,
vazios olhares
olhares sentidos
sentidos opostos
de opostos vazios…
e que me inquietam…

Bruno Ribeiro
PMS, 19.Agosto’008

quinta-feira, novembro 20, 2008

um outrora que já não é

photo: evening_boji


receando a noite
e os fantasmas que ela me trás
e as sombras que bloqueiam o meu pensar

receando o dia
de me aperceber uma vez mais
que estou só! sem ti!

ai! soubesses tu…
que os meus passos
me levaram inconsciente
a percorrer outrora nossos caminhos

ai! soubesses tu…
que os meus olhos
esculpiram, inconsciente
silenciosas lágrimas outrora sorrisos!

luto contra os meus receios
vislumbre de pequenas realidades
telas cobertas por sombras
outrora coloridos olhares
outrora coloridos sentires

o meu olhar procura-te
inconsciente… sem te procurar
os meus lábios chamam-te
inconsciente… sem te chamar

Bruno Ribeiro
Leiria. 21.Junho.008

domingo, novembro 16, 2008

fragmentos esquecidos

photo: love to the rhythm_avalon


um olhar
seguido de um sorriso
fragmentos de um encontro.
depois um gesto
de aproximação mútua
em pleno consentimento.
timidez esquecida
alegria vivida
nessa troca de olhares
interpolada
de reencontro
em reencontro
histórias, em qualquer lugar!
de um tempo qualquer
também ele esquecido
entre fragmentos dos segundos
que em ti recordo!

Bruno Ribeiro
PMS entre tempos (jul. ago.) ‘008

terça-feira, novembro 11, 2008

o teu nome!

photo: a demora interrogada_heliz

emerso
apenas e só,
emerso…
entre as brisas vãs
e as ondas inquietantes
deste escutar…
.
.
.
… o meu sentir …
.
.
.
perdido que está,
num algures que desconheço
e novamente me perco
nesta frágil imensidão
do escutar…
.
.
.
… este meu sentir …
.
.
.
que me condena
entre os traços varridos
do meu olhar
que perdura
embrulhado nesta seca lágrima
que escuta…
.
.
.
… o sentir…
.
.
.
vago! o meu escutar

Bruno Ribeiro
PMS, 2 Agosto’008

sexta-feira, novembro 07, 2008

tratando de um jardim

photo: to my mother ... who dares to love forever_avalon


pé ante pé,
entre o silêncio da noite
e a brisa do amanhecer
abro a porta e saio à rua!
deixo-te pousada entre os lençóis
sorrindo…

pé ante pé,
percorro caminhos descalços pela terra
molhada que está, por regar!
olho para um e outro lado
sorrindo…

não,
não colhi qualquer flor
apenas tratei deste jardim
não,
não fui buscar qualquer vaso
para pousar qualquer flor morta
apenas tratei deste jardim
para que quando abrisses a porta
sorrisses, como eu sorri

Bruno Ribeiro
PMS.

segunda-feira, novembro 03, 2008

desenhando o teu nome na espuma do mar

photo: como dizer o silêncio_mariah

ai!
tão brandos esses gestos
da espuma das ondas
que vestem a areia
onde desenhei os meus pés descalços.

ai!
tão fugaz esse olhar
das ondas do mar
onde amanhecem marés
que se enchem e se vazam…

ai!
por onde vagueiam os meus gestos
que se arrastam
entre a espuma do mar
e desaparecem…

sopro fraco,
porque forte não consigo
mais que a breve cortesia
de me erguer!

toque franco
esse que as teclas do velho piano
repousam entre os dedos
que te procuram no ar vazio!

ai!
não fosse a esperança
que morrera num qualquer dia
passado que foi…
e já não voltara!

voando por entre as nuvens
que esvoaçam na concha das mãos
nas entrelinhas içadas e apagadas
e dos barcos cadentes e fugidios…

fossem as palavras surdas
brisas que vagueiam o mundo
à tua procura… ao teu encontro…
essas minhas… rasuradas no silêncio do papel.

ai!
fossem as horas no sentido contrário
e o sol e a lua
e os gestos e as palavras
e as marés…

ai!
tão brando esses gestos
da espuma das ondas
que vestem a areia
onde desenhei o teu nome…

Bruno Ribeiro
PMS, 25 Agosto’008

quarta-feira, outubro 29, 2008

jantar sublime

photo: esperando o tempo_alba luna


encosto ao meu olhar
as recordações desse teu olhar
que me inquietava!
entre conversas e sorrisos,
troca de olhares e gargalhadas,
ora distraídos como amigos
ora varrendo o ar de soslaio
e o beijo ausente
de um olhar de carinho…

saciei a fome no jantar
e a sede no bar…
mas não saciei o desejo…
...........................- de te beijar.

e sempre que recordo aquele olhar
mais sinto o desejo…
a varrer-me o corpo…
saborear os teus lábios,
no sublime toque
da noite.

Bruno Ribeiro
Lx. 11. Set. 008

quinta-feira, outubro 23, 2008

em viagem!

photo: boat_bill tsukuda


nas cinzas caídas de um toque,
aquele em que a minha mão se estende
e percorre o teu rosto.
aquele em que o meu olhar se perde
e mergulha no teu olhar.
aquele em que os meus lábios se diluem
e nadam no teu corpo.

nas amarras esquecidas de um beijo,
aquele que não se esquece, o primeiro
e que navega pelas memórias da paixão
aquele em que os nossos lábios se entregam
e desnuda os nossos corpos
aquele que apazigua os nossos desejos
e revela o nosso amor!

ai! fossem essas cinzas as tuas mãos
ai! fossem essas amarras um abraço!
que me fizessem sentir-te aqui
nesta trémula viagem
em que percorro os sonhos
num barco de papel!

Bruno Ribeiro
PMS. 29.Junho.008

quarta-feira, outubro 22, 2008

som de um beijo

photo: girl and violin_joy


em que tempo te situas?
nesse teu altar
feito de nuvens,
ilusões do meu olhar!

em que te encerro
na concha das mãos
e te liberto
no sopro da paixão.

ao som, do despertar de um girassol
e o bater de asas (in)consciente
do anjo que não és,
céu vazio sem ti!

aproxima-te
aproxima-te mais…
escuta a voz que te chama
por entre o vento…

som de um beijo!

Bruno Ribeiro
PMS. 3. Julho.008

sábado, outubro 18, 2008

um gato no telhado

photo: rain in town_martis


repousado,
na cumeeira de um telhado
olhando
e desfrutando
breves miares ao luar
breves melodias pelo ar
que varrem esta cidade
perdida entre outras cidades…
gostava de estar aí sentado
nessa cumeeira
beijada pela lua
gostava de escutar nesse lugar
os sons desta cidade viva
escondido por entre os ramos da noite
e cantar,
com uma guitarra nas mãos
qualquer coisa sonante
ou uma qualquer balada…
mas não sou sequer ágil
para estar sentado
nessa cumeeira ao luar
nem tão pouco ágil
para despontar acordes
desta guitarra sem cordas…

Bruno Ribeiro
PMS. 5.Julho. 008

segunda-feira, outubro 13, 2008

Será que vale a pena?

photo: unknown

Será que ir para longe resolve algo?
Será… que deixar tudo para trás alivia tudo aquilo que sinto?
Ou é apenas um acto de cobardia? Fugir das coisas… não sei!
Mesmo não sabendo onde o meu coração pára (porque o dei há algum tempo) a dor acompanha-me…
A solidão entre as gentes…
E cada vez mais o vazio é maior!
O silêncio sufoca, porque a minha cabeça não deixa de pensar e lembrar e o coração não deixa de sentir.
Quero parar de escrever, pois estas palavras são as lágrimas secas do meu olhar e, já me doem os olhos…

Será esta partida solução?
Ou um atenuar a dor em silêncio, no vazio dos seres, um reciclar da vida?
Terá o meu coração (que se encontra nas tuas mãos, talvez já deixado para trás), enfim paz? Um sossego…
Será que vale a pena?
Será esta a minha última palavra?
Se é, aqui deixo…

Eu nunca te esqueci!

Bruno Ribeiro
silêncio das palavras – o cair do pano

sábado, outubro 11, 2008

O último desabafo

photo: unknown

Quando as palavras se escorregam das mãos e a vida se cruza num olhar fugaz, questiona-se o que se sente, o que se pensa, o que se deseja…
Quando as mãos em forma de concha se estendem, entre um olhar terno, veracidade de um sentimento…
Quando se vê atravessar o ar vazio de uma solidão não desejada, jamais qualquer palavra fará sentido, num qualquer sentido sem sentido.
Fugaz como a brisa que se perde entre uma tempestade, e a gota de água que se esvanece no mar diluindo-se como o meu olhar entre as vagas das lágrimas que teimam em escorrer no silêncio do meu sentir, o que por ti sinto.
São vagas de ternura, olhar que jaz numa praia vivida e vendida num qualquer gesto!
São estas as palavras sem sentido que esvoaçam entre luares que tento esvaziar dos sentires tristonhos em que me encontro que num colapso teimo em relembrar, sem vontade de o sentir!
Jaz em mim a paz absorta da violenta solidão a que a minha sombra me acompanha, no vazio imenso da tua ausência de um cruzar de olhares.
A carvão, desenho no meu olhar as lágrimas secas e o grito mudo, da dor presente e árdua, flor espinhosa e viva que me encurrala num pensamento viril.
Já me perdi e agora tento encontrar-me, entre passos cabisbaixos de uma caminhada silenciosa, que brota em cada meu olhar, ténue ardor de quem mais não consegue chorar uma dor que por vezes já não entendo!
E a cada renascer da escuridão da noite, em que o silêncio me ensurdece, perco-me nos pensares e sentires, crepúsculo do meu viver.
Por fim, pouso a caneta, a viola, paro sem saber onde nem porquê, deixo o caderno para trás.
Pois já nem assim o consolo me abraça e alivia…

Cada vez maior o silêncio à minha volta e desisto…

Bruno Ribeiro
entre o cair e o silêncio

terça-feira, setembro 30, 2008

timidez de um olhar

photo: unknown

o vento chama pelo teu nome
eco da minha voz
e o sol espelha o teu brilho
chama da minha paixão!

nesta dança longínqua
em que te estendes
por caminhos que desconheço
espero, uma vez mais, olhar-te
e beijar-te,
vendaval do meu desejo
enquanto te rendes
à vontade do meu ser!

escrevo,
sobre pedestais vacilantes
ondas do meu ser
que varrem o meu viver
sons que o meu coração
desperta e se estende à mão
de quem te chama, hesitante
entre o tímido olhar de um beijo.

Bruno Ribeiro
PMS. 28.Junho.008

sábado, setembro 27, 2008

choro

photo: Ensaio I - O Principio da alienação_fernando figueiredo


choro,
no silêncio das palavras
no silêncio dos lençóis,
quando o mundo adormece…
e eu me mantenho no pedestal das insónias

varro o ar,
cansado de sentir o que sinto.
de olhar para o que vejo…
deixa que te diga. estou cansado
de te sentir neste vazio do coração
que me afoga de tão cheio

ouço o mundo dizer
ouço a cidade falar…
quando só queria ouvir a tua voz…
oceano que me faz navegar
num mar de emoções
que agora são trambolhões
que teimo não querendo…
a cair uma e outra vez.
porque o não relembrar-te, é tão difícil
como o deixar de sentir o que sinto.
como o vento que me acaricia
numa tempestade que não me afecta
porque estou perdido nos pensamentos
que me avassalam. tentando não pensar…

e caiem-me lágrimas quando menos espero
e tu… pano de fundo!

Bruno Ribeiro

Pms, algures entre um sorriso e uma lágrima caída

quinta-feira, setembro 18, 2008

incompreendido

photo: ..._maria josé amorim

tremo
nos suores da noite
vagas de sombras que me inquietam
suspiros vagabundos
de uma melódica solidão!
podias ser a minha compreensão
mas é a extensão do meu sentir
que faz estremecer
entre os frágeis lençóis
que aguardam o teu toque…
nevoeiro,
nuvens nocturnas que vagueiam
na minha mente…
podias ser aquela mão que anseia
música de uma paixão (in) consciente
que naufragou no meu ser.
suspiros nocturnos e vagabundos
que me traçam
num esboço condescendente
na rasa memória…
podias… podias ser…
o que foste ou poderias ser uma dia!
por isso caminho descalço
sobre os salpicos de terra molhada
que faço riscar no meu percurso…
podias ser…
a circunstância do meu ser feliz!

Bruno Ribeiro
Lx. 18.Maio.008

terça-feira, setembro 16, 2008

uma trova

photo: preto e branco_unknown

acordo com o sol a bater no rosto
e o abrir das folhas para um novo dia
ouço o chilrear dos pássaros
e a dança das ondas do mar!

percorro o dia, ouvindo o vento
o passear das nuvens,
o sol cansado deita-se
amanhecer lunar…
em que o céu se pinta
de coloridas e mágicas túnicas.

mais um dia
que sucede outro dia
ao qual outros dias virão
e em qualquer destes momentos
estás presente…
te posso olhar…
te posso escutar…
te posso falar…
te posso tocar…
te posso beijar…

Bruno Ribeiro
PMS. 19.Abril.008

segunda-feira, setembro 08, 2008

naquele dia

photo: message in a bottle_wislawa szymborska


naquele dia escorregadio,
que atravessa o ciclo do próprio tempo
perdido que está
nos versos do esquecimento.
sim,
nesse dia esquecido…
fatídico, em que o violino se calou
sem os traços amplos to teu sorriso.
lancei à água um frágil mensageiro
com velas de cortiça e casco de vidro.

Bruno Ribeiro
PMS – LX 23.Maio.008

quinta-feira, setembro 04, 2008

tatuo no tempo

photo: o descanso e o sonho ...do poeta_fernando figueiredo

tatuo o tempo com o teu nome
e vasculho nas memórias
fragrâncias do teu rosto
que me fazem sorrir
e chorar no segredo nocturno

rabisco e marco na pedra
versos do nosso sentir
aqueles beijos que guardo nos lábios
e me fazem sentir vivo
e morto no crepúsculo do segredo

gravo na face da lua
o teu sorriso que me vassala
na qualquer circunstância de um viver
em que olho para o distante
e te procuro nas sombras do crepúsculo

vasculho entre os gestos distantes
acordes do teu olhar que me chama
entre as vagas das nuvens
que pintam na minha alma sorridente
e tristonha, sombras da noite

Bruno Ribeiro
PMS. 29.Junho.008

segunda-feira, agosto 25, 2008

sei lá

photo: unknown

deixaste-me,
neste meu pesar
coberto pelo véu do desconhecido
plantado num tempo ido
em que me esforço para respirar!

perdi-me,
neste turbilhão de sentimentos
desnudado de um sentido qualquer
perdido que estou, não sei sequer
porque ainda vacilo, neste meu tormento!

Bruno Ribeiro
PMS. 23.Junho.008

quinta-feira, agosto 21, 2008

desencontro

photo: name is hidden_poacher

neste desencontro,
entre os esboços nevrálgicos
da sombra esquecida
deixada numa parede qualquer
emoldurada,
e os versos do meu corpo
rasgados por entre as margens
das letras rasuradas na pedra
galgo muros e obstáculos
que me fazem abrandar
neste percurso, em que a cada momento
mais uma pequena vitória.
me faz saborear o meu
continuar…
abrando, mas não desisto.
do que sou!

Bruno Ribeiro
Porto. 31.Maio.008

sábado, agosto 16, 2008

em silêncio… e para ti!

photo: i wish you light_alba luna

náufrago do tempo!
guardas contigo o mapa da vida
no relevo do teu rosto
na alma do teu olhar
no cansaço das tuas mãos…

mas ainda tens força
para esboçar pequenos sorrisos
que guardo na tela da infância!

só tu me vês
passeando por entre as nuvens
passeando como tu gostavas
por aí e ali…

o teu jeito elegante,
de fato vestido,
gravata traçada,
lenço ao peito,
chapéu composto
e os passos… esses velhos gastos
ao ritmo de uma bengala!

guardo na memória,
as nossas conversas,
os teus sinceros sorrisos,
os teus gestos…

memórias gravadas no coração!

[à memória do meu avô!]

Bruno Ribeiro
Lx. 08 [mas devia ser noutro lugar noutro tempo]

terça-feira, agosto 12, 2008

(re) ajo

photo: mais que uma existência de papel..._heliz

ajo,
entre os restícios dos ventos
de deuses outrora venerados
e as inconstâncias das estrelas,
pauta dos meus versos
que guardo sem saber…
apenas relembrados, quando pego
neste pena sem tinta
e escrevo neste caderno sem folhas
que é…
a paginação do olhar
que te procura,
nas marés vazias…
do lembrar e relembrar
o que finjo ter esquecido
por entre a cinza das horas!

Bruno Ribeiro
Porto. 31.Maio.008

sexta-feira, agosto 08, 2008

nas entrelinhas da vida

photo: unknown

danço
nas entrelinhas da vida
versos nostálgicos
de passos vagos
o semblante, na calçada gasta
destes meus gestos cansados
dança do meu próprio ser.
em que partilho com as estrelas
o esverdeado olhar
corrido com a lágrima
que brota
em esquiços de carvão!

Bruno Ribeiro
Porto. 31.Maio.008

segunda-feira, agosto 04, 2008

pousando

photo: nenhuma aragem na manhã tardia_heliz

pouso naquela estante
páginas da minha vida
sentida e vivida
em que guardo
e resguardo
os tempos esquecidos

pouso naquela parede
imagens do teu olhar,
dos teus lábios, do teu rosto
imagens serenas
que me tranquilizam…
imagens de ti…

pouso naquele gira-discos
músicas que nos entusiasmam
e nos recordam
dos tempos idos e vindouros
que nos aninham
entre a concha das mãos

pouso naquela janela
o meu rosto, o meu ser
na esperança de te ver subir a rua
com um desses teus vestidos
que me seduzem…
à espera de sorrir

pouso naquela porta
uma vontade de a abrir para ti
uma flor guardada no chão
postal dos meus sentidos
que se resvalam ao te ver
numa paixão que se liberta
espelho do teu meu olhar

pouso naquela cama
momentos de um ontem
que se prolonga entre os outros dias
momentos em que choramos
em que nos rimos…
e os segredos revelados
e a intimidade floresce
enquanto damos as mãos…

pouso naquele galho
perdido à beira-mar
palavras de te querer ver uma vez mais
em que tu olhas para dentro de mim
enquanto sorrimos…
num aproximar apaixonado de um beijo

Bruno Ribeiro
PMS. 29.Junho.008

quinta-feira, julho 31, 2008

marioneta dos sentidos

photo: nós, os emparedados_heliz

até aos confins
vagueei para te esquecer
procurei perder as tuas recordações…
mas elas perseguem-me, torturam-me.
até ao fim do mundo…
deambulei…
vazio de pensamentos
cheio de pressentimentos
espelho de sentimentos
........................................................– no meu olhar
procurei perder-me de ti
procurei perder o que sinto…
mas continuas sempre aqui tão presente
neste sentimento que me atormenta
nesta fonte de inquietação…
tentei fugir destas amarras que me sugam a vida
tentei arrancar-te do meu corpo…
não consegui!
os meus passos pressentem os teus
neste e em qualquer momento
entre os confins do presente
essa linha ténue
que separa o passado do futuro

Bruno Ribeiro
PMS. 23.Junho.008

segunda-feira, julho 28, 2008

sem saber, aguardo-te!

photo: não sei de que é que estou à espera..._mariah

espero,
e não espero
que se dissolva
esta espera,
que não me trás
qualquer vislumbre,
de ti!

aguardo
num qualquer lugar
perdido, que estou
enquanto espero,
sem me esperar
convencido
que te veria
neste mesmo lugar!

embriagado
pelo nevoeiro
que me persegue
invisível,
fico sem saber que estou
nesta espera…
aguardando por ti
sem me esperar
sorrindo!
entre sombras
de desespero
que estou…
sem saber.

Bruno Ribeiro
PMS. 23.Junho.008

sexta-feira, julho 25, 2008

espectro nocturno

photo: old vilnius_martis

neste espectro do passado
todas as histórias que me parecem contadas
parecem-me histórias de qualquer coisa
em que a verdade deambula ente as nuvens
e das maiores mentiras tu estás lá
presente como a luz e a sombra
presente como o sol e a lua…
sempre presente…
com tantos mistérios
que me fazem sentir desesperado
perdido entre as mentiras que me contas
e as verdades do que sinto…

neste espectro do presente…
todas as histórias que me lembro contadas.
são histórias de qualquer coisa
em que a verdade é tão ténue
como a brisa no meio de uma tempestade
que deambula entre as bolas de sabão
e das maiores mentiras…
tu estás lá…
sem qualquer culpa do que sinto.
sem qualquer culpa desta lágrima esculpida
que me segue e persegue
neste espectro passado
em que as histórias são vãs…

a verdade…
é que continuas no meio da história
dos meus sentimentos
dos meus pensamentos…
da minha saudade
e da minha vontade…
no seio do que tento esquecer
guardado no nenhures perdido
em que me tento perder… de ti!

bruno ribeiro
pms. 23.junho.008

terça-feira, julho 22, 2008

deslizo entre as tábuas do meu sentir

photo: abandoned, chair 1_garnoo

deslizei para um condomínio de pó
em que a tinta se transformou em teia de aranha
e a madeira… pequenos passos do tempo esquecido
de náufragas intempéries do meu ser.
lágrimas dos restícios sentimentos
supostamente de tempos idos
supostamente esquecidos…

deslizei por uma cadeira perdida.
numa qualquer sala das recordações
guardadas num qualquer lugar…
perdida entre escombros do meu ser
que está neste meu sentir
supostamente já guardado algures no tempo
supostamente perdido nesse algures…

deslizei entre as sombras
varridas pelo vento que já não sinto
trazer a tua voz, espalhar o teu perfume.
perdidas entre a minha sombra,
vagueando nesta sala
em que me encontro sem janelas
supostamente deixada para trás
supostamente esquecida…

deixo-me ir,
sentado nesta cadeira vazia
do vago pesar que me cobre
entre os olhares distantes em que te procuro
e estes que deito sobre meus pés
supostamente a caminhar algures
supostamente longe deste lugar!


Bruno Ribeiro
PMS, 23.Junho.008

sábado, julho 19, 2008

beijo frutado

photo: são tantos os silêncios da fala..._mariah

partilho pelo teu corpo
o olhar que te despe
no silêncio das mãos
que te percorrem
e dançam pelas tuas curvas
entre versos de desejo
melodia de um beijo
que te atravessa
nesta paixão louca
em que transborda
pelo meu corpo…

segue esse trilho traçado
pela fruta da paixão
que beija
a pele despida
que te espera
neste corpo deitado!

Bruno Ribeiro
LX. Junho.008

quarta-feira, julho 16, 2008

até já

photo: gaia-I_fernando figueiredo

quão doce é esse teu olhar
que me branda num sossego
o sentir indescritível
dessa paz que me atravessa
e percorre
no âmago do teu beijar

quão terno esse olhar
que me perscruta
a alma jazida
entre os lençóis do nosso leito
que me atravessa
e escuta
as palavras do meu sentir

não deixo
que o sol se levante
e a manhã se ponha
sem te deixar um sorriso
mais que o meu próprio
olhar sorridente
de te ver e ter
ali tão perto
rabiscos deste nosso beijar
que se estende noite fora

vago.
na vontade de te olhar uma vez mais
antes de saíres dessa porta
que separa os nossos tempos
distantes que estão
até a um novo anoitecer
que a nós pertence

até já!

Bruno Ribeiro
PMS. 29.Junho.008

segunda-feira, julho 14, 2008

ser o que sou!

photo: el olvido_heliz

sou um suspiro,
segundos passados nasço no esquecimento;
sou um murmurar
de palavras surdas
que assim prolonga o silêncio;
sou uma brisa que luta contra uma tempestade,
sem forças, sem ar, sufocado...
sou uma lágrima,
que pinga num rio turbulento,
sou um eco,
de um sentimento destroçado;
sou uma pétala,
de uma flor negra, negra como o sombrio da alma;
sou a palavra esquecida,
sou a chama que já não arde,
sou o sol que já não brilha,
sou um ser perdido no espaço e no tempo,
sou a vitrina da tristeza tornada humana.

Bruno Ribeiro
Coimbra, Dezembro 2000

sábado, julho 12, 2008

deixando-me levar...

photo: oriana_heliz

embrenho-me nos ventos do norte,
sou pétala, sou folha de outono,
deixo-me ir para onde o vento me levar...
já não há vida no meu coração
e a alma transformou-se em pedra.
levantei a taça de vencido
e fiz jus o vencedor...
nos meus olhos,
nascem vagas de negras lágrimas,
e a sombra da lua e do sol
espelha-se sobre mim.
sei que aqui e ali não sou feliz,
por isso parto para a aventura...
entrego-me ao mundo,
como o cordeiro se entrega ao lobo,
levo a guitarra sem cordas nas costas,
papel rasurado e uma caneta virgem,
levo o meu corpo
embebido em sangue, suor e lágrimas,
cavo sementes de poesia
e desatino a dor que me acompanha.
ergo a fronteira da vida e da morte,
sou condenado no tribunal do sofrimento,
onde o diabo é o meu advogado,
onde os seus discípulos riem
pela pena em mim imposta,
penitenciado, acusado e torturado,
ficam com o que resta de belo,
com actos impunes, eles vencem... uma vez mais.
continuo a viagem a que me submeti,
caminho descalço pelo tapete em brasas,
pelo passeio de espinhos...
mas, não é esta a dor que me tortura...
peço para serem clementes
e porem um ponto final...


mas algo surge no horizonte,
uma borboleta, uma flor, um anjo,
que me diz, sem eu merecer,
para acreditar em mim...
fico estatelado e tento perceber
porque me diz, o que me diz e quem é...
interrogo-me se será mais um truque
do meu querido advogado,
mas não... não sei... parece ser amiga...
dispo a minha nudez,
aperto a minha guitarra, pronta a tocar (sem cordas)
levanto a caneta, estendo o papel
e tento fazer algo... uma canção...
assim me iludo... me perco...
nas pétalas do condenado, nas amarras do inocente
e sigo sem saber por onde andar...



serás tu meu anjo que me irás encaminhar?



Bruno Ribeiro
Março/00

quinta-feira, julho 10, 2008

o vento

photo: o entendimento das almas_heliz

escrevo nas folhas das árvores
a minha poesia.
proíbo o meu esquecimento
e obrigo a lembrança
dos meus feitos, das conquistas,
enaltecidas aos apóstolos do vento
e às sereias do mar,
aos diabos do céu
e aos anjos do inferno.
cravo uma harpa no coração
e uma faca nas veias,
para o meu sangue correr nos rios,
beijar as lagoas e passear nos oceanos.
quero ser o mel das afeições
e o brilho das relíquias
que se espalham no sal do teu rosto.

eu sou o comandante dos céus
e o varredor das ruas,
eu sou aquele que sentes e não vês,
quem te beija sem proferires palavra,
aquele que te arrepia e acaricia.
eu sou a destruição e o amor,
a verdade e a traição
e não pertenço a ninguém...
senão à minha paixão, ao meu amor...

tu podes saber quem sou,
mas, nunca saberás o que sou.



Bruno Ribeiro
2000

sábado, julho 05, 2008

rostos de pedra

photo: a vida é só a vida_heliz

este é o meu rosto…
desenhado com rugas de devaneio
olhares escondidos…
este é o meu olhar…
pintado em degradé de cinzas
rosto perdido…

desde o dia em que te vi partir!

este é o meu trilho
traçado por uma lágrima perdida
por onde os meus pés me carregam…
este é o meu viver…
e porque o deixa em sarilho
sem uma qualquer saída.

desde o dia em que me dei conta que partiste!

e porque não desembarco deste sentimento?
que não tem qualquer razão de ser
e porque sempre que dou um passo em frente
me fazes dar mil e um de retroceder

este é o meu rosto…
pálido e petrificado
sem qualquer aspiração a sorriso
cansado de ser lavado a sal

liberta-me destas amarras…

frio,
sinto frio…
o sol não me aquece
e, tenho frio…
guardo aquilo que deveria esquecer

e acredita que quero esquecer,
mas não consigo…
............................................ [tens nas tuas mãos parte de mim]

Bruno Ribeiro

Lx. 17.Out.007

quinta-feira, julho 03, 2008

ser

photo: why can´t i be you_avalon

neblina do ser que ansiava
outrora, do que fui e seria
ser, por quem ser
o que desejava ser e ter.
tendo, nas mãos (vazias) abertas
um rasto do perfume
que um dia tive…
não penso como seria
se tivesse continuado a ser…
apenas sinto nas margens da solidão
as paredes emancipadas
da inquietude do meu ser
que, não sabe ser,
o que agora sou… vazio!

cortina ténue do invisível ser
que ao teu olhar não sou
o ser que desejaria ser.
tendo, nas mãos (vazias) abertas
o ser que vagueia
entre a brisa perfumada
do ser e ter, o sorriso inconsciente
da necessidade de ser o que fui!
mas não penso nesse ser passado,
apenas sinto nas margens da solidão
os ponteiros vagos da penumbra
escuridão de qualquer ser
que desejasse ser outro ser e ter.
e não este ser
que agora sou – vazio da solidão!

e não penso em qualquer outro ser
que não este que sou,
e descobri nas mãos abertas e não vazias
que serei sempre aquilo que sou
e que o tempo me fizer ser
e o que quiser ser,
lutando pelo que serei
enquanto sou quem sou!

e nessas margens das recordações
fui pedaços do que sou
sem vergonha, sorrindo!
e contigo ou sem ti, serei quem sou!

Bruno Ribeiro
30.Abril.008

terça-feira, julho 01, 2008

de regresso

photo: unknown_ra

perdido,
entre mares e mitos
entre ventos de piratas
e areias que escondem segredos…

ausente,
temporariamente deste mundo
em que os versos bêbedos
de dores traídas
vasculhadas no mar do meu ser!

palavras esquecidas,
guardadas e não visitadas
relembradas
no silêncio nocturno
crepúsculo da tua ausência
amanhecer do meu olhar tristonho…

agora vivo,
mais do que sobrevivo
e gozo o momento
em que te situas no esquecimento
ausente, entre segundos temporários…

Bruno Ribeiro
Punta Cana – Lx. 1Abril.008

quarta-feira, junho 25, 2008

ainda dói…

photo: em que espelho ficou perdida a minha face_mariah


preciso do teu olhar
para repousar o meu…


perco-me nas palavras que te quero dizer
sem saber quais são
vislumbro o silêncio das mesmas,
sem as poder dizer,
pois a tua presença não está junto da minha!
apenas o vazio de estar com a sombra
somente a imaginação de te olhar
nas lembranças,
que teimosamente teimo
em não conseguir esquecer
bem tento!

mas no silêncio…
é a tua voz que ouço..
estás longe, nem sei quanto
mas na dor estás tão próxima.
és a dor que me faz chorar
e que eu não consigo apagar!

dor…
porque o que sinto
é grande e dói!

Bruno Ribeiro
Lx. 6.Outubro.007

domingo, junho 22, 2008

tango

photo: unknown

em resposta a um desafio lançado... pela Naela

tango – visto por ela!

[ nesta pauta
em que enquadro
desenhos do teu ser
balada do meu viver,
guardo recortes
lembranças na seda
que cobre o teu beijar
na fogueira da paixão!
]

percorro o teu olhar selvagem
e da tua mão
surge o convite
da dança da paixão
através de uma rosa vermelha
cor dos lábios que te anseiam
chama ardente que me brota!
tornamos nosso aquele palco
entre passos que nos afastam
outros tantos que nos aproximam…
cravo as unhas nas tuas costas
enquanto enrolo a perna à tua perna
olhas para mim,
violentando-me a alma
estremecendo meu peito…
gestos firmes, os teus
que me dominam
nesta tela da paixão
em que olhares estranhos
perscrutam a arena tomada nossa!
rasgo a tua camisa
espalhando no chão
fragmentos do teu corpo…
com o desprezo que finjo ter!
olhares felinos de desejo…
colados…
aproximas os teus lábios dos meus
entre rodopios que me fazes tomar
vagueias a tua mão
na pele que te anseia
e antes do beijo que tanto espero
atiras-me ao chão
de seios despidos
a música termina
viras-te de costas
e atiras-me a rosa vermelha!

espero pelo próximo passo
sem olhares indiscretos...




tango – visto por ele!

[ nesta pauta
em que enquadro
desenhos do teu ser
balada do meu viver,
guardo recortes
lembranças na seda
que cobre o teu beijar
na fogueira da paixão!
]

estendo da mão
uma rosa vermelha
cor do sangue que fervilha
deste coração que te ama
convido-te para dançar
e num gesto consentes
que me aguardas…
esboçamos no chão
os passos que nos desnudam
entre olhares de sedução
percorro pelas tuas costas
a minha mão que te procura
e num gesto firme
deitas-te sobre o meu braço
revelando que me confias
o desejo do teu corpo.
neste serpentear de emoções
em que a pista de dança
se torna nossa,
olhares desconhecidos e ansiosos
revelam-se imóveis…
perante nós!
o teu vestido justo
rasga-se perante o meu olhar
mostrando pequenas telas
da tua pele que me chama!
e antes que a música termine
entre o despontar do desejo
rodopio-te… perante mim
vagueio o teu corpo com a mão
aproximo os meus lábios dos teus
e atiro-te para o chão…
olhas para mim desejando-me
a música termina
eu viro-me de costas
atirando-te a rosa vermelha…

espero pelo próximo passo
sem olhares indiscretos…





Bruno Ribeiro
Lx. 11/13.Maio.08

quinta-feira, junho 19, 2008

o mundo pára

photo: unknown [oferecida por alguém especial]


quando sorris, o mundo pára
grinaldas de cor
que explodem
como um fogo de artifício
de pétalas…

quando me olhas dessa forma
deliro, perco-me no teu olhar
vivo cada nanossegundo
intensamente,
e não há outra maneira…

quando me beijas
sinto o coração enlouquecido
dançando, pulando pelo corpo
vibrando a cada instante
o mundo pára…

e sem jeito
neste gesto mimado
de te querer olhar,
ver-te sorrir
intensamente beijar
entrego-me a ti!

Bruno Ribeiro
Lx. 8.Abril.008

segunda-feira, junho 16, 2008

deitado, num chão de pedra!

photo: sem nome_nuno bernardo

olhar, pousado no chão frio
ausente, perdido distante,
penetrante no pensar, olhar vazio…
cabeça pesada, vislumbre de lágrima
que desce inquietante,
deste lacrimejar da caneta nesta página
enevoada, como o pesar
de uma brisa velha de nanquim
que me teima em acompanhar!

neste chão frio e húmido
desatino que vem a mim
corpo deambulante, estendido…

olhar,
pousado neste chão frio…
perdido… o meu olhar…
vazio…

Bruno Ribeiro
Lx. 8.Out.007

sexta-feira, junho 13, 2008

serei sombra de mim mesmo?

photo: schhhhh... não digas nada_heliz


‘retrato
pintado na penumbra
de olhares que teimam
em não se cruzar.

‘tacto
gesto que se estende na sombra
destes lábios que me beijam
fugaz o teu olhar…

a tua mão no meu peito
o teu olhar que penetra o meu
chamando-me…
desejando-me…

as minhas mãos na tua cintura
o meu olhar que banha o teu
chamando-te…
desejando-te…

serão apenas sombras nos meus sonhos?

estas que vagueiam na parede
pintadas por velas apaixonadas
que dançam e serpenteiam
o nu dos nossos corpos!

estas que dilaceram
o silêncio da noite
entre respirares profundos
da chama dos nossos lábios…


seremos apenas boatos?

estes que revelam
as tuas unhas na minha carne
a minha língua na tua boca
as minhas mãos no teu corpo.

estes que não distinguem
se são dois corpos que se amam
ou apenas um que se fundiu
nesta tela carnal…

Bruno Ribeiro
Lx. 6.Abril.008

segunda-feira, junho 09, 2008

passeio da vida

photo: sleepless_alba luna

uma bengala que marcha
rosto vivido e alegre
uma mão dada de carinho
cabelos grisalhos, negros do tempo
ternura em cada olhar
passos mais repousados
de quem já nada espera
apenas aprendeu a viver…

um sorriso em cada gesto
um abraço sentido
um beijo de respeito
amor presente, quadro da vida
de quem por tudo passou
amizade, respeito, compreensão
tolerância em cada palavra
de quem já nada espera
apenas aprendeu a viver…

só espero um dia viver estas palavras
de mão dada à tua mão
sorriso em cada gesto
brilho no olhar de amor
de quem por tudo passou…

até lá,
vive comigo como se cada dia fosse o último
de quem tudo quer dar
amor por viver, amor sentido
paixão permanente
sorriso em cada gesto
olhar ternurento…

Bruno Ribeiro
PMS. 2.Março.007

sexta-feira, junho 06, 2008

vagueando no teu corpo

photo: drowned world_avalon


nu,
deambulo por aqui e ali
nas ruas puras do teu corpo
perfumado,
vagueio por entre os dedos da tua mão
saboreando-os, desenhando-os
moldando-os com os meus
ao ritmo das velas
esboçamos o trilho do prazer
no corpo de cada um…

nu,
deambulo pelos desejos da paixão
olhando para cada pétala
do teu corpo que desfloro
através dos meus lábios…
o teu pescoço…
os teus seios…
a tua barriga…
as tuas ancas…
as tuas pernas…

mergulho na vontade de te dar prazer
e o teu olhar revela
a tua vontade de me tocar…
e amamo-nos, apaixonamo-nos…
mil vezes em cada mil olhares…

Bruno Ribeiro
Abril.008

terça-feira, junho 03, 2008

remando entre versos

photo: there's a place where we belong_heliz

remo,
entre versos nostálgicos
sombras… fantasmas… pesadelos…
histórias de vagas de sal
entre passos desconcertantes
que desesperam entre gestos
esquecidos…
pelo tempo… templo de olhares,
melodias intemporais
resvalam entre as minhas veias
como lágrimas de sangue,
que pincelam neste quadro – meu ser
uma ilusória lanterna de salvaguarda…
desespero… desespero…
cravado nas pedras da parede com o meu sangue
rastejando entre o suor das palavras.
vagas. sentidas. doridas
criadas no âmago do meu viver
perdido que estou,
entre as linhas que me penteiam as mãos
pesam tanto os meus olhos…
destas lágrimas gélidas
que brotam em avalanchas…
sufocando-me…
engasgando-me… no silêncio da noite
entre murmúrios que desconheço
murmúrios meus…
acordes que me despedaçam…
flagelam o meu mais remoto sentir
e o som de mais uma entre tantas
lágrimas caídas a meus pés.
letras soltas neste temporal dos sentidos
que esvoaçam em desdém
de mim próprio!

photo: no final da tarde eu amo a tarde_heliz

desespero…
varre em mim a cólera destes versos
que me espelham numa mancha negra
rabiscos soltos de qualquer coisa
que desconheço
rabiscos de mim…
vagueio… porque não sei para onde ir…
tudo me parece cheio…
tudo me parece vazio…
perco-me nos ponteiros,
por detrás de uns óculos escuros
para que não me leiam…
deliro, entre movimentos soltos
danças de um estar onde não sei onde estou
desespero.. este meu andar
por entre os ponteiros que pautam
o afastar…

assim remo…
… remo entre versos nostálgicos
remo para onde não quero estar
fugindo de onde não quero ficar…
sem destino…
apenas remo…
folha de papel deixada para trás…

ai. que desatino este desespero!

bruno ribeiro
lx. 11.maio.008