quarta-feira, maio 16, 2007

cruzamento


as calçadas de lisboa tendem sempre a cruzar...
as veias poéticas da cidade...
nas artérias em que os passos são ruas e se transformam em avenidas.
pé ante pé o caminho vai ficando para trás
a uma distância a que não se regressa...
passos dados de palavras encostadas nas paredes
pequenos fragmentos do livre pensar dos poetas
de mãos atadas ao fogo da vida
que queima
Que infringe a ferida da lei da poesia
nos rasgos que os corações sofrem
causados pelo ardor da chama imensa
que se apodera da mão tremule
que se agarra a uma caneta como à vida...
cicatrizes de tinta
negra
que se arrastam nas margens. Da luz.
Movimentos de flagelo e degelo
do interno coração arterial,
pulso cerrado e exposto do passado.
Um presente amontoado à sua passagem
um poeta cambaleando só.
E marginal
nostalgia dos velhos tempos
tempos antigos
de trapos e gestos usados.
olhos cansados de velhas insónias
que escondem sorrisos esquecidos
naufrágio de versos grisalhos
na fugaz tentação de amar
na sombra grisalha dos desejos
o rasurar de um livro esfarrapado
coberto pelo pó das memórias
imemoráveis.

Tiago_Poeta + Bruno Ribeiro
pelas ruas de lisboa

quinta-feira, maio 03, 2007

corvo viajante


Sou viajante do meu pensar e sentir
E vagueio sem saber onde pousar ou p’ra onde ir
Apenas deambulo… em forma de corvo
Rasgando os céus com as negras penas.

Sou viajante solitário do meu ser
E passeio entre as pedras da calçada – rasando
Pintando o ar de negro
Cor do meu corpo, das minhas lágrimas.

Sou um quadro inacabado
Um livro rasurado
Uma música distorcida.

Sou um corvo que repousa
Entre as páginas do teu olhar
Que procura o brilho do teu sorriso!

Bruno Ribeiro
PMS. 2.Março.007