quinta-feira, julho 31, 2008

marioneta dos sentidos

photo: nós, os emparedados_heliz

até aos confins
vagueei para te esquecer
procurei perder as tuas recordações…
mas elas perseguem-me, torturam-me.
até ao fim do mundo…
deambulei…
vazio de pensamentos
cheio de pressentimentos
espelho de sentimentos
........................................................– no meu olhar
procurei perder-me de ti
procurei perder o que sinto…
mas continuas sempre aqui tão presente
neste sentimento que me atormenta
nesta fonte de inquietação…
tentei fugir destas amarras que me sugam a vida
tentei arrancar-te do meu corpo…
não consegui!
os meus passos pressentem os teus
neste e em qualquer momento
entre os confins do presente
essa linha ténue
que separa o passado do futuro

Bruno Ribeiro
PMS. 23.Junho.008

segunda-feira, julho 28, 2008

sem saber, aguardo-te!

photo: não sei de que é que estou à espera..._mariah

espero,
e não espero
que se dissolva
esta espera,
que não me trás
qualquer vislumbre,
de ti!

aguardo
num qualquer lugar
perdido, que estou
enquanto espero,
sem me esperar
convencido
que te veria
neste mesmo lugar!

embriagado
pelo nevoeiro
que me persegue
invisível,
fico sem saber que estou
nesta espera…
aguardando por ti
sem me esperar
sorrindo!
entre sombras
de desespero
que estou…
sem saber.

Bruno Ribeiro
PMS. 23.Junho.008

sexta-feira, julho 25, 2008

espectro nocturno

photo: old vilnius_martis

neste espectro do passado
todas as histórias que me parecem contadas
parecem-me histórias de qualquer coisa
em que a verdade deambula ente as nuvens
e das maiores mentiras tu estás lá
presente como a luz e a sombra
presente como o sol e a lua…
sempre presente…
com tantos mistérios
que me fazem sentir desesperado
perdido entre as mentiras que me contas
e as verdades do que sinto…

neste espectro do presente…
todas as histórias que me lembro contadas.
são histórias de qualquer coisa
em que a verdade é tão ténue
como a brisa no meio de uma tempestade
que deambula entre as bolas de sabão
e das maiores mentiras…
tu estás lá…
sem qualquer culpa do que sinto.
sem qualquer culpa desta lágrima esculpida
que me segue e persegue
neste espectro passado
em que as histórias são vãs…

a verdade…
é que continuas no meio da história
dos meus sentimentos
dos meus pensamentos…
da minha saudade
e da minha vontade…
no seio do que tento esquecer
guardado no nenhures perdido
em que me tento perder… de ti!

bruno ribeiro
pms. 23.junho.008

terça-feira, julho 22, 2008

deslizo entre as tábuas do meu sentir

photo: abandoned, chair 1_garnoo

deslizei para um condomínio de pó
em que a tinta se transformou em teia de aranha
e a madeira… pequenos passos do tempo esquecido
de náufragas intempéries do meu ser.
lágrimas dos restícios sentimentos
supostamente de tempos idos
supostamente esquecidos…

deslizei por uma cadeira perdida.
numa qualquer sala das recordações
guardadas num qualquer lugar…
perdida entre escombros do meu ser
que está neste meu sentir
supostamente já guardado algures no tempo
supostamente perdido nesse algures…

deslizei entre as sombras
varridas pelo vento que já não sinto
trazer a tua voz, espalhar o teu perfume.
perdidas entre a minha sombra,
vagueando nesta sala
em que me encontro sem janelas
supostamente deixada para trás
supostamente esquecida…

deixo-me ir,
sentado nesta cadeira vazia
do vago pesar que me cobre
entre os olhares distantes em que te procuro
e estes que deito sobre meus pés
supostamente a caminhar algures
supostamente longe deste lugar!


Bruno Ribeiro
PMS, 23.Junho.008

sábado, julho 19, 2008

beijo frutado

photo: são tantos os silêncios da fala..._mariah

partilho pelo teu corpo
o olhar que te despe
no silêncio das mãos
que te percorrem
e dançam pelas tuas curvas
entre versos de desejo
melodia de um beijo
que te atravessa
nesta paixão louca
em que transborda
pelo meu corpo…

segue esse trilho traçado
pela fruta da paixão
que beija
a pele despida
que te espera
neste corpo deitado!

Bruno Ribeiro
LX. Junho.008

quarta-feira, julho 16, 2008

até já

photo: gaia-I_fernando figueiredo

quão doce é esse teu olhar
que me branda num sossego
o sentir indescritível
dessa paz que me atravessa
e percorre
no âmago do teu beijar

quão terno esse olhar
que me perscruta
a alma jazida
entre os lençóis do nosso leito
que me atravessa
e escuta
as palavras do meu sentir

não deixo
que o sol se levante
e a manhã se ponha
sem te deixar um sorriso
mais que o meu próprio
olhar sorridente
de te ver e ter
ali tão perto
rabiscos deste nosso beijar
que se estende noite fora

vago.
na vontade de te olhar uma vez mais
antes de saíres dessa porta
que separa os nossos tempos
distantes que estão
até a um novo anoitecer
que a nós pertence

até já!

Bruno Ribeiro
PMS. 29.Junho.008

segunda-feira, julho 14, 2008

ser o que sou!

photo: el olvido_heliz

sou um suspiro,
segundos passados nasço no esquecimento;
sou um murmurar
de palavras surdas
que assim prolonga o silêncio;
sou uma brisa que luta contra uma tempestade,
sem forças, sem ar, sufocado...
sou uma lágrima,
que pinga num rio turbulento,
sou um eco,
de um sentimento destroçado;
sou uma pétala,
de uma flor negra, negra como o sombrio da alma;
sou a palavra esquecida,
sou a chama que já não arde,
sou o sol que já não brilha,
sou um ser perdido no espaço e no tempo,
sou a vitrina da tristeza tornada humana.

Bruno Ribeiro
Coimbra, Dezembro 2000

sábado, julho 12, 2008

deixando-me levar...

photo: oriana_heliz

embrenho-me nos ventos do norte,
sou pétala, sou folha de outono,
deixo-me ir para onde o vento me levar...
já não há vida no meu coração
e a alma transformou-se em pedra.
levantei a taça de vencido
e fiz jus o vencedor...
nos meus olhos,
nascem vagas de negras lágrimas,
e a sombra da lua e do sol
espelha-se sobre mim.
sei que aqui e ali não sou feliz,
por isso parto para a aventura...
entrego-me ao mundo,
como o cordeiro se entrega ao lobo,
levo a guitarra sem cordas nas costas,
papel rasurado e uma caneta virgem,
levo o meu corpo
embebido em sangue, suor e lágrimas,
cavo sementes de poesia
e desatino a dor que me acompanha.
ergo a fronteira da vida e da morte,
sou condenado no tribunal do sofrimento,
onde o diabo é o meu advogado,
onde os seus discípulos riem
pela pena em mim imposta,
penitenciado, acusado e torturado,
ficam com o que resta de belo,
com actos impunes, eles vencem... uma vez mais.
continuo a viagem a que me submeti,
caminho descalço pelo tapete em brasas,
pelo passeio de espinhos...
mas, não é esta a dor que me tortura...
peço para serem clementes
e porem um ponto final...


mas algo surge no horizonte,
uma borboleta, uma flor, um anjo,
que me diz, sem eu merecer,
para acreditar em mim...
fico estatelado e tento perceber
porque me diz, o que me diz e quem é...
interrogo-me se será mais um truque
do meu querido advogado,
mas não... não sei... parece ser amiga...
dispo a minha nudez,
aperto a minha guitarra, pronta a tocar (sem cordas)
levanto a caneta, estendo o papel
e tento fazer algo... uma canção...
assim me iludo... me perco...
nas pétalas do condenado, nas amarras do inocente
e sigo sem saber por onde andar...



serás tu meu anjo que me irás encaminhar?



Bruno Ribeiro
Março/00

quinta-feira, julho 10, 2008

o vento

photo: o entendimento das almas_heliz

escrevo nas folhas das árvores
a minha poesia.
proíbo o meu esquecimento
e obrigo a lembrança
dos meus feitos, das conquistas,
enaltecidas aos apóstolos do vento
e às sereias do mar,
aos diabos do céu
e aos anjos do inferno.
cravo uma harpa no coração
e uma faca nas veias,
para o meu sangue correr nos rios,
beijar as lagoas e passear nos oceanos.
quero ser o mel das afeições
e o brilho das relíquias
que se espalham no sal do teu rosto.

eu sou o comandante dos céus
e o varredor das ruas,
eu sou aquele que sentes e não vês,
quem te beija sem proferires palavra,
aquele que te arrepia e acaricia.
eu sou a destruição e o amor,
a verdade e a traição
e não pertenço a ninguém...
senão à minha paixão, ao meu amor...

tu podes saber quem sou,
mas, nunca saberás o que sou.



Bruno Ribeiro
2000

sábado, julho 05, 2008

rostos de pedra

photo: a vida é só a vida_heliz

este é o meu rosto…
desenhado com rugas de devaneio
olhares escondidos…
este é o meu olhar…
pintado em degradé de cinzas
rosto perdido…

desde o dia em que te vi partir!

este é o meu trilho
traçado por uma lágrima perdida
por onde os meus pés me carregam…
este é o meu viver…
e porque o deixa em sarilho
sem uma qualquer saída.

desde o dia em que me dei conta que partiste!

e porque não desembarco deste sentimento?
que não tem qualquer razão de ser
e porque sempre que dou um passo em frente
me fazes dar mil e um de retroceder

este é o meu rosto…
pálido e petrificado
sem qualquer aspiração a sorriso
cansado de ser lavado a sal

liberta-me destas amarras…

frio,
sinto frio…
o sol não me aquece
e, tenho frio…
guardo aquilo que deveria esquecer

e acredita que quero esquecer,
mas não consigo…
............................................ [tens nas tuas mãos parte de mim]

Bruno Ribeiro

Lx. 17.Out.007

quinta-feira, julho 03, 2008

ser

photo: why can´t i be you_avalon

neblina do ser que ansiava
outrora, do que fui e seria
ser, por quem ser
o que desejava ser e ter.
tendo, nas mãos (vazias) abertas
um rasto do perfume
que um dia tive…
não penso como seria
se tivesse continuado a ser…
apenas sinto nas margens da solidão
as paredes emancipadas
da inquietude do meu ser
que, não sabe ser,
o que agora sou… vazio!

cortina ténue do invisível ser
que ao teu olhar não sou
o ser que desejaria ser.
tendo, nas mãos (vazias) abertas
o ser que vagueia
entre a brisa perfumada
do ser e ter, o sorriso inconsciente
da necessidade de ser o que fui!
mas não penso nesse ser passado,
apenas sinto nas margens da solidão
os ponteiros vagos da penumbra
escuridão de qualquer ser
que desejasse ser outro ser e ter.
e não este ser
que agora sou – vazio da solidão!

e não penso em qualquer outro ser
que não este que sou,
e descobri nas mãos abertas e não vazias
que serei sempre aquilo que sou
e que o tempo me fizer ser
e o que quiser ser,
lutando pelo que serei
enquanto sou quem sou!

e nessas margens das recordações
fui pedaços do que sou
sem vergonha, sorrindo!
e contigo ou sem ti, serei quem sou!

Bruno Ribeiro
30.Abril.008

terça-feira, julho 01, 2008

de regresso

photo: unknown_ra

perdido,
entre mares e mitos
entre ventos de piratas
e areias que escondem segredos…

ausente,
temporariamente deste mundo
em que os versos bêbedos
de dores traídas
vasculhadas no mar do meu ser!

palavras esquecidas,
guardadas e não visitadas
relembradas
no silêncio nocturno
crepúsculo da tua ausência
amanhecer do meu olhar tristonho…

agora vivo,
mais do que sobrevivo
e gozo o momento
em que te situas no esquecimento
ausente, entre segundos temporários…

Bruno Ribeiro
Punta Cana – Lx. 1Abril.008