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Quando as palavras se escorregam das mãos e a vida se cruza num olhar fugaz, questiona-se o que se sente, o que se pensa, o que se deseja…
Quando as mãos em forma de concha se estendem, entre um olhar terno, veracidade de um sentimento…
Quando se vê atravessar o ar vazio de uma solidão não desejada, jamais qualquer palavra fará sentido, num qualquer sentido sem sentido.
Fugaz como a brisa que se perde entre uma tempestade, e a gota de água que se esvanece no mar diluindo-se como o meu olhar entre as vagas das lágrimas que teimam em escorrer no silêncio do meu sentir, o que por ti sinto.
São vagas de ternura, olhar que jaz numa praia vivida e vendida num qualquer gesto!
São estas as palavras sem sentido que esvoaçam entre luares que tento esvaziar dos sentires tristonhos em que me encontro que num colapso teimo em relembrar, sem vontade de o sentir!
Jaz em mim a paz absorta da violenta solidão a que a minha sombra me acompanha, no vazio imenso da tua ausência de um cruzar de olhares.
A carvão, desenho no meu olhar as lágrimas secas e o grito mudo, da dor presente e árdua, flor espinhosa e viva que me encurrala num pensamento viril.
Já me perdi e agora tento encontrar-me, entre passos cabisbaixos de uma caminhada silenciosa, que brota em cada meu olhar, ténue ardor de quem mais não consegue chorar uma dor que por vezes já não entendo!
E a cada renascer da escuridão da noite, em que o silêncio me ensurdece, perco-me nos pensares e sentires, crepúsculo do meu viver.
Por fim, pouso a caneta, a viola, paro sem saber onde nem porquê, deixo o caderno para trás.
Pois já nem assim o consolo me abraça e alivia…
Cada vez maior o silêncio à minha volta e desisto…
Bruno Ribeiro
entre o cair e o silêncio