quarta-feira, março 28, 2007

allure

é com orgulho que coloco esta linda pintura da betty [encontrosnacidade], obrigado por teres partilhado comigo, só ela completa este poema!

depois de um banho como tantos outros
visto o meu traje que me esconde
da insegurança de um qualquer andar
por entre os olhares desconhecidos,
ergo o meu olhar confiante
e borrifo o corpo com sedução
despenteio o cabelo…
óculos escuros e saio para a rua…

vagueio até um qualquer lugar atrasado
e vejo-te luminescente como uma estrela
e miro-te… e olho-te… e sorrio…
baixo os óculos, arrumo-os
e seduzo-te com o olhar…
sorris para mim, suspiro silencioso…
e partimos para a dança da sedução
inconscientes,
como o sol que nos abraça…
e num outro qualquer lugar
longe dos olhares indiscretos
longe das vozes desconhecidas
perdemo-nos em bebidas e conversas
em toques suaves como a brisa
que nos ergue na paixão!
e banhamo-nos na espuma das ondas
pequenos passos sem rasto…
sentados numa esplanada ao luar!
partilhamos olhares discretos
que nos perscrutam a alma!

trocamos palavras silenciosas
de desejos escondidas inconscientes
e derretemo-nos…
quando a lua por fim se deita
cansada pela música da noite…
e damos a mão em silêncio…
mão essa que nos faz abraçar…
abraço esse que nos faz beijar…
beijo esse que nos faz desejar…
desejo esse que nos faz despir…
num ritmo pausado e apreciado!

e pinto o teu corpo em silêncio
com as mãos e com os dedos
que revelam a sombra dos teus suspiros
que fazem aumentar os meus desejos…
e o silêncio de um beijo
um tango entre as línguas…
e a tua mão que empurra a minha
a revelar o corpo que me deseja!
e no relevo da tua pele
desenho a fragrância do meu perfume
e diluo com a língua
aguarela da paixão que nos assola!
e enquanto te possuo com a língua
e as pontas dos dedos
gemes de prazer, balada da atracção
e os primeiros raios de sol
revelam no chão a pintura dos nossos corpos
as cinzas das horas da paixão
e dois corpos nus que se abraçam

Bruno Ribeiro
Lx. 21.Março.007

sábado, março 24, 2007

O último suspiro



Guardião de sonhos...
através de acordes de lágrimas escondidas
solidão entre cada pedra olhar derramado em cada sombra
vasculhando nas lembranças
uma qualquer esperança para viver
numa sombra negra de pastel;
.
Vais dedilhando a guitarra (inseguro),
as pernas nuas, cruzadas, os olhos fechados,
a cabeça baixa no terminal de estrelas ausentes.
No ombro a roupa rasgada, líquida imagem
desse músculo de dor e intriga
percorrendo o sangue com notas de música.
- Tens de sonhar por entre as fendas do coração.
.
Tocando mesmo com os dedo ensaguentados
espremido pela mágoa acesa em brasas
reluzindo cada lagrima numa nota
desconhece-se a palavra serenidade
turbilhao de sentimentos justapostos
o bater da chuva fora da casa rodeada de fantasmas,
como farpas que se cravam no corpo jazido
e a imensidão do mundo contido num breve silêncio
em que as tuas notas se soltam roucas.
.
No teu rosto envelhecido pelo tempo
e pela vida q te fez moldar ao que és hoje
sei que neste instante são as memórias
que te levam os sonhos nas asas do vento...



rainbowsky/baraujo
Paulo Ferreira/ Bruno Ribeiro
Porto de Mós, 2 de Março de 2007

segunda-feira, março 19, 2007

miscelânea de sentidos que sentem o teu partir


Sentir o teu não sentir...
Ver o teu não ver...
Querer-te, sentir e ver...
Inalar o teu perfume ausente...
Escutar o teu silêncio...
Tocar na textura da solidão...

‘apenas pergunto onde a corrente me leva
neste barco de papel que navega ao luar
sobre o mar prateado...
tão frágil...
como a lágrima que teima em escorrer no olho
límpida como a pureza da melodia
que o meu coração toca ao pensar em ti.

Bruno Ribeiro
Lx. 4.Fev.007

quarta-feira, março 14, 2007

‘sedución




‘sentado à beira-mar,

encostado num tronco

que repousa morto sobre a areia,

olho para o luar...

que pincela o mar com tons amarelados

ao meu lado,

o som das fagulhas a dançar no ar

e o bailado das chamas....

o vento que sopra manso...

o mar que respira devagar

cantando pequenas ondas

que se dissolvem na areia em forma de espuma

‘e é num pequeno suspiro

que o corpo de uma mulher se ergue

e lentamente se aproxima, olhar fixo no meu,

formando pequenos passos elegantes

com a roupa colada ao corpo,

textura transparente esboçando a pele nua....

lábios carnudos, olhar doce...

corpo que se estende a meu lado

desejando que leia o corpo com as mãos...

o tecido de seda que deixa revelar parte do corpo

o pescoço, um ombro, um seio...

desejando através do olhar

e eu começo a dançar com as mãos...

lendo o calor da paixão

lendo nuvens de desejo...

como se fosse um livro em braile...

com as mãos... as pontas dos dedos...

respiro o corpo ali deitado

sinto a essência daquela beleza...

o perfume dançando com o meu ser...

e o corpo aos poucos... vai-se revelando

como se a seda se desfizesse...

como a espumas das ondas...

Bruno Ribeiro

PMS, 10.Fev.007

quarta-feira, março 07, 2007

címbalos de papel


quantas garrafas de vidro atiradas ao mar…
encostaram a sua cor na água a teus pés…?

quantas pombas esvoaçaram pelos céus…
e pousaram ténues no teu parapeito…?

quantas palavras por ti ignoradas…
quantas vezes por ti rasgadas…

[pela incoerência do teu ser,
orgulho e presunção de têmperas
caídas no patamar do egoísmo!
mentiras, traições e enganos!
farpas cravadas, facas espetadas
só com o intuito de magoar
…]

quantas lágrimas já derramadas…
escondidas no meu olhar…?

quantas tentativas de sorrisos esboçados…
perdidas na imensidão do olhar…?

quantas procuras do teu olhar em vão…
e o esvoaçar do ignorar no teu…?

…desilusão o que sinto!

Bruno Ribeiro
Lx, 31.Jan 1.Fev.007

segunda-feira, março 05, 2007

aos meus amigos!

O Grito - Munch


um olhar amigo,
um estender da mão à minha mão,
uma palavra doce!
faz-me acreditar que melhores dias virão,
como o brochar das flores na primavera,
o bater de asas de uma borboleta
-metamorfose de uma larva.

nesse olhar amigo repouso o meu,
um descanso, um alívio, um consolo!
uma conversa de olhares, um sorriso...
para outro renascer...

uma mão em cima do ombro!
beijo no rosto ou um abraço,
fazem-me chorar a alma
e um sorriso no rosto...
chorar pela alegria da amizade
e o singelo sorriso de agradecimento!

é por todos os que me encontraram
a vaguear em alto mar sem destino
e que me levaram a bom porto!
é por todos os que me deram a mão
é por todos os que me quiseram ouvir
que acordo no dia-a-dia e vivo!
OBRIGADO a todos vós!

Bruno Ribeiro

quinta-feira, março 01, 2007

crepúsculo



choro em mim as lágrimas que por ti choro…

no meu ser a ilusão de sonhar contigo
dói-me ver que não consigo esquecer de pensar em ti!

de quem são as lágrimas
que nascem nos meus olhos
vivem no meu rosto
e se diluem nos meus lábios – sal?

a saudade abraça-me sempre que te digo adeus
pois não consigo dizer um adeus definitivo
e o meu olhar dilui-se no teu…
chorando lágrimas secas que teimo em esconder na tua presença.

sou uma sombra de mim próprio
viajando nos sonhos ao pensar em ti,
de um ser que esvazia o meu corpo
ser que ao pensar em ti… entristece.

pelo passado que já não é presente….

Bruno Ribeiro
Lx. 9.Nov.06