segunda-feira, abril 23, 2007

cúmplices

OBRIGADO!
Uma vez mais partilho algo com uma pintura oferecida com um sorriso... da Betty [
encontrosnacidade] ... pois há palavras e pincéis que só fazem sentido assim...juntos...



abri as feridas do meu corpo, do meu ser


abri o livro da minha vida,


proferi palavras há muito guardadas


fugi com o meu olhar


vagueei por ruelas estreitas do passado!


só tendo sido possível pois eras tu que me escutavas


revelei as masmorras dos meus segredos


enquanto trocávamos olhares de cumplicidade


e por vezes era eu que te escutava,


nos versos soltos do passado


nas palavras do presente


e percorremos as ondas das gargalhadas


e partilhámos a inocência dos sorrisos


e vagueámos pelos algures desconhecidos


por entre multidões incógnitas


por entre lugares vazios de gente


- cheios de calor


dançámos pela cumplicidade da amizade


através do olhar, do brilho do olhar


desvendámo-nos sem nos apercebermos


e escrevemos no ar pensamentos


que nos faziam suspirar...




Bruno Ribeiro


Lx. 20.Março.007

quinta-feira, abril 19, 2007

verso na pedra!


nos versos da noite
quando me pinto entre os lençóis
sinto o teu corpo dançar com o meu
mesmo que apenas sejam sonhos
e vibro em cada olhar lunar!

desenho sons que esvoaçam
por entre os suspiros da noite,
valsa de sombras e de segredos
que se revelam com o olhar
terno, no silêncio de qualquer gesto!

trepo entre cada meu desejo
palavras que componho sobre a terra
que desperta do interior do meu ser
cheiro da terra molhada,
trilho da dança dos nossos corpos!

e para que essa dança não se apague
e fique gravada para além das memórias
rabisco na memória do tempo
na tela de uma fria pedra
o fervilhar dos nossos versos

Bruno Ribeiro
Porto, 4.Abril.007

domingo, abril 15, 2007

brincando na areia



التواطؤ 共謀関係 соучастии mitschuld συνενοχή cumplicidade medhjälp complicity medeplichtigheid kunkulpeco
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‘deambulo,
com os pés descalços
e as calças esfarrapadas…
o meu corpo vagueia sem rumo
e o meu pensar em ti se perde!
construo um palácio em areia,
um cais para te receber
e vou-te buscar no meu barco
construído com uma folha de jornal…
buscar ao fundo dos meus desejos
uma tela que ainda está por pintar
com as palavras doces do teu olhar!

‘e vejo-me no teu olhar com um sorriso
por me olhares sorrindo…

estendo uma flor esboçada
num guardanapo de papel
esculpida com as pontas dos dedos
e perfumada com o meu ser…
devagar, a tua mão pousa na minha
como um pássaro que repousa num galho!
e entre os nossos olhares um arco-íris
com lágrimas evaporadas de alegria
e o calor cúmplice e de amizade
que nos enche de tentações…
e a brisa empurra os nossos rostos
no encontro entre os nossos corpos…
e a maresia faz encostar os nossos lábios
na dança suave de um beijo

Bruno Ribeiro
Lx.22.Março.007

quarta-feira, abril 11, 2007

cisne negro



Sinto os ponteiros a marcar passo
Procuro no céu o correio
Vagueio pelo meu quarto
De tronco despido...
Sem saber, sabendo...
Tenho uma vizinha que cusca os meus passos
Enquanto deliro no meu pensar
Visto uma roupa preta
E saio para o dia pintado de noite!
Vagueio pelas ruas sem gente
Por entre candeeiros que se apagam à minha passagem...
Vagueio por entre janelas adormecidas
Por vozes que se calaram
Por olhares fechados...
Voo para além dos sonhos
Para além dos desejos
E perco-me nas horas
De horas que passaram a correr!

Volto para casa
Volto para o meu quarto
Dispo a roupa negra
Sem saber, sabendo
A vizinha mantém-se cuscando à janela
Danço no ar ao som da música
Danço a música com a solidão
Pois não me quero deitar
Escondendo-me do meu estar,
Danço sem saber dançar
Com movimentos que desconheço
E cansado adormeço
Repousando no leito vazio do meus ser!

deitado na praia... um corpo sobressai das ondas
corpo sedutor que atravessa a noite
corpo molhado
percorre os passos por marcar na areia
até ao sítio onde estou
agacha-se sem eu saber...
e entre o respirar vigoroso
e um olhar brilhante
acordo com um beijo que me percorre o corpo


abro os olhos num novo dia
quero saber quem me acordou!

Bruno Ribeiro
Lx,23.Fev.007

sábado, abril 07, 2007

body revolution



perturbado,
num delírio que me atira contra a parede
vozes dentro de mim, grito…
loucura que leva as mãos à cabeça
enquanto me contorço em mim mesmo
num vaivém aos saltos no meu quarto
entre quatro paredes escuras
uma porta fechada, trancada por dentro
uma janela que não deixa entrar luz!

delírio,
num perturbado contorcionismo de movimentos
violência no meu corpo
e salto e grito…
numa dor de agonia transparente
e solto a fera que há em mim
num ritmo alucinante…
as paredes pintam-se de suor e sangue
neste meu pêndulo jazido
neste quarto escuro…
revolta do meu próprio ser!

e no meio daquela loucura frenética
um bater à porta,
um pedido de baixar o som da aparelhagem
mas eu só queria que alguém me agarrasse
nesta fragilidade escondida
um acalmar, um abraço… através do olhar
que mudasse este ritmo infernal
em que me encontrava…
mas como isso não surge
ignoro esse querer de me parar
e ponho ainda mais alto
esta balada de acordes frenéticos
que me atiram para uma loucura…

e se me quiseres abrandar,
bate à janela com as tuas asas de anjo
sorri-me, olha-me, fala-me
abraça-me, toca-me, beija-me
pois só assim o meu ser terá paz!


Bruno Ribeiro
PMS, 2.Março,007