domingo, dezembro 30, 2007

a partida (parte I)

photo: o tempo passou por aqui_daniel oliveira


hoje é o dia da minha partida
iço as velas dos meus sonhos,
sinto a voz do vento, o calor do céu!
olho à imensidão do mar,
com os pés na areia molhada.
levanto a âncora e parto…

não posso olhar para trás,
para os rostos que me vêem partir
para as lágrimas que banham a paz
para as mãos a acenar
e as últimas palavras, sem adeus!

hoje é o dia da minha partida
em que ergo o olhar à esperança
de içar a coragem e vencer os medos.
olho à imensidão do teu olhar
sinto a melosidade da tua voz
e delicio-me nos teus sorrisos.
e parto…

Bruno Ribeiro
PMS, 9.Março.007

quarta-feira, dezembro 26, 2007

jardim dos poetas

photo: simplesmente, choro!_Daniel oliveira


são pétalas negras com gotas de sangue
as lágrimas cravadas no coração!
são nenúfares encrostados
nas doces tentações dos desejos
são hipotéticas metáforas
derramadas pela tinta desta caneta…
ao som de um piano sem teclas!
são imagens de um filme a preto e branco
- imagens do passado
são folhas caídas que se desfazem no chão
- decomposição do meu ser!

mais um passeio pelo jardim das memórias
mais uma viagem pelo templo dos desejos


Bruno Ribeiro
Lx. 2728.Fev.007

quarta-feira, dezembro 19, 2007

devaneio imperfeito

photo: não sei quantas almas tenho_GABA


batem as asas em repouso,
um olhar fatigado em direcção ao chão
foco de luz ténue sobre o pensamento
folhas caídas, lágrimas derramadas,
agarrado ao pouco que há para agarrar…
procura-se a esperança da pouca que existe
na mais remota e árida caverna
uma pequena luz…

é noite, sem qualquer luz artificial!
o luar não existe,
as estrelas não brilham
e os barcos afundaram-se…

entrego o meu corpo ao devaneio
enquanto o meu ser vagueia por aí
cada um para seu lado e perdidos…


'e se um dia a felicidade bater à porta
só espero que uma das partes esteja do outro lado…

Bruno Ribeiro
Lx.30.Jan.007

sexta-feira, dezembro 07, 2007

in the night, about a book

photo: do livro I_Heliz


pedras soltas,
como o pensamento que vai e vem
deslizando por baixo dos meus pés,
páginas soltas de um livro.
perco-me a olhar sobre o Tejo
à procura do mar… do inexistente!
quantos ecos não evocados…
solidão entre calçadas
perdido entre muralhas
vagueando por entre focos de luz
linha de sombras que me escondem o corpo.
beijo a curiosidade do luar
sentado na esplanada, com o meu olhar,
serpenteando as tormentas do pensamento
enclausurando o sentimento
que solto através das palavras
na ponta desta caneta
tacteando a superfície desta folha
amarelada do tempo, da solidão…

‘percorro as ruas e as travessas
com o som dos meus passos como pano de fundo,
saltitando entre as luzes dos bares
abertos noite dentro no bairro alto
canto a mentira de uma alegria
enquanto entretenho o pensamento no nenhures…
sorrisos de pessoas temperadas pelo álcool,
cheiros de mil cheiros,
rostos vagueando entre portas,
corpos dançando, bailando, mentindo…
à procura de quem não são!
embrenho-me num qualquer poiso
e observo as pessoas que ali existem
beijos perdidos no ar
misturados com o fumo dos cigarros,
copos vazios pelo tempo
peço algo que nem sei e saio
e corro no meu ser
as efemérides da vida!
voo pela memória, deambulo…
danço ao som das luzes e perco-me
e quando dou por mim,
volto para aquela cadeira na esplanada junto ao Tejo
e repouso o olhar no amanhecer
acordando para um dia que me espera só
sem álcool nas veias
porque o sal das lágrimas
consome-me noite e dia!

Bruno Ribeiro
Lx. 1.Fev.007

segunda-feira, dezembro 03, 2007

amanhecer com tons laranja

photo: a caminho de órion_Heliz


mais uma noite sem ti
quebrada pelo teu beijo ausente
apenas o olhar tranquilo
_____de um nascer do sol…
pintando o céu de laranja
diluindo-se na imensidão dos meus desejos
o meu olhar perdido
_____naquela pintura natural
faz-me levantar e erguer
batendo um ritmo inconsciente
em que a sombra ainda adormecida
beija a solidão jazida…

os acordes de uma manhã primaveril
fazem-se ecoar nestas ruas
em que o teu passear não existe
acordes de um qualquer violino
_____de uma qualquer janela
_____de um qualquer sentido
_____de um qualquer olhar…

pinta em mim os teus desejos
e solta-te nesta balada silenciosa
em que os desejos se tornam realidade…
dança nos meus braços
e olha nos meus olhos em silêncio…
para que não desvaneças nos sonhos!

Bruno Ribeiro
Lx. 12.Março.007