sábado, junho 02, 2007

Dança entre dois corpos


São sombras coloridas
Estas que vacilam à beira de um rio
Desenhadas pelo calor dos raios de sol
Que penetram o ar
Rasgando o frios dos seres que passam
Correndo para o nenhures
De vidas imperceptíveis…

São vultos rabiscados
Estes que atravessam a tela do olhar
Vagueando sem qualquer rumo
Num cruzar de conversas, sorrisos e lágrimas…
E a todos esses movimentos
O desligar dos outros seres…
E num egoísmo qualquer
Apenas escuto o meu envolver…
E as vozes que não me são estranhas
E os olhares que conheço
E os gestos que dançam enquanto se fala!

E é nesse dia quente
Vésperas do capítulo da primavera
Que o cruzar entre sombras desconhecidas
Vislumbres de um qualquer lugar
Se envolvem num caloroso olhar…
E o rasgar o ar ao dar a mão
Sem se saber porquê ou raciocinar
Somente o desejo de partilhar o toque
Explorando todo e qualquer sentido
E quando os olhares se vão despindo
Em gestos não racionalizados
Entregues a um desejo desmedido
E são os corpos que se revelam
Entre sorrisos inocentes de desejo
Sonhos e imagens que se revelam
Sem saber – imperceptíveis
O abraço entre dois corpos
Que se diluem num qualquer rio
Que se banham num qualquer mar
Vagueando num qualquer lugar
Percorrendo as curvas dos corpos
Explorando qualquer sentido
E a dança da sedução – perceptível
Escondida na inocência dos sorrisos
Dos olhares que se entregam…
Numa pintura de uma tela
Que se revela numa escultura
Com a melodia dos corpos que se unem
Ao som dos corações que batucam
Ritmos frenéticos de prazer
Com o eco de suspiros vigorosos
Sobre o pano da escuridão…
E por fim o adormecer
De dois corpos exaustos…

Bruno Ribeiro
Lx.20.Março.007