segunda-feira, novembro 24, 2008

olhar versado

photo: põe o corpo em cada letra..._heliz


porque me inquietam
estas brisas do passado
que tento não relembrar
tão presentes, tão sentidas…


talvez no agora, esteja bem,
ou não.
nesta fria luz da solidão
que me abraça e sossega
mas,
porque me inquieta?
se sei que esta é a solução
pois, talvez no agora, esteja bem!
então porque me segreda a alma
estes versos tingidos no meu olhar
que brotam em forma de lágrimas
já vazias de sal.
versos que me avassalam neste sentimento
de opostos vazios,
vazios olhares
olhares sentidos
sentidos opostos
de opostos vazios…
e que me inquietam…

Bruno Ribeiro
PMS, 19.Agosto’008

quinta-feira, novembro 20, 2008

um outrora que já não é

photo: evening_boji


receando a noite
e os fantasmas que ela me trás
e as sombras que bloqueiam o meu pensar

receando o dia
de me aperceber uma vez mais
que estou só! sem ti!

ai! soubesses tu…
que os meus passos
me levaram inconsciente
a percorrer outrora nossos caminhos

ai! soubesses tu…
que os meus olhos
esculpiram, inconsciente
silenciosas lágrimas outrora sorrisos!

luto contra os meus receios
vislumbre de pequenas realidades
telas cobertas por sombras
outrora coloridos olhares
outrora coloridos sentires

o meu olhar procura-te
inconsciente… sem te procurar
os meus lábios chamam-te
inconsciente… sem te chamar

Bruno Ribeiro
Leiria. 21.Junho.008

domingo, novembro 16, 2008

fragmentos esquecidos

photo: love to the rhythm_avalon


um olhar
seguido de um sorriso
fragmentos de um encontro.
depois um gesto
de aproximação mútua
em pleno consentimento.
timidez esquecida
alegria vivida
nessa troca de olhares
interpolada
de reencontro
em reencontro
histórias, em qualquer lugar!
de um tempo qualquer
também ele esquecido
entre fragmentos dos segundos
que em ti recordo!

Bruno Ribeiro
PMS entre tempos (jul. ago.) ‘008

terça-feira, novembro 11, 2008

o teu nome!

photo: a demora interrogada_heliz

emerso
apenas e só,
emerso…
entre as brisas vãs
e as ondas inquietantes
deste escutar…
.
.
.
… o meu sentir …
.
.
.
perdido que está,
num algures que desconheço
e novamente me perco
nesta frágil imensidão
do escutar…
.
.
.
… este meu sentir …
.
.
.
que me condena
entre os traços varridos
do meu olhar
que perdura
embrulhado nesta seca lágrima
que escuta…
.
.
.
… o sentir…
.
.
.
vago! o meu escutar

Bruno Ribeiro
PMS, 2 Agosto’008

sexta-feira, novembro 07, 2008

tratando de um jardim

photo: to my mother ... who dares to love forever_avalon


pé ante pé,
entre o silêncio da noite
e a brisa do amanhecer
abro a porta e saio à rua!
deixo-te pousada entre os lençóis
sorrindo…

pé ante pé,
percorro caminhos descalços pela terra
molhada que está, por regar!
olho para um e outro lado
sorrindo…

não,
não colhi qualquer flor
apenas tratei deste jardim
não,
não fui buscar qualquer vaso
para pousar qualquer flor morta
apenas tratei deste jardim
para que quando abrisses a porta
sorrisses, como eu sorri

Bruno Ribeiro
PMS.

segunda-feira, novembro 03, 2008

desenhando o teu nome na espuma do mar

photo: como dizer o silêncio_mariah

ai!
tão brandos esses gestos
da espuma das ondas
que vestem a areia
onde desenhei os meus pés descalços.

ai!
tão fugaz esse olhar
das ondas do mar
onde amanhecem marés
que se enchem e se vazam…

ai!
por onde vagueiam os meus gestos
que se arrastam
entre a espuma do mar
e desaparecem…

sopro fraco,
porque forte não consigo
mais que a breve cortesia
de me erguer!

toque franco
esse que as teclas do velho piano
repousam entre os dedos
que te procuram no ar vazio!

ai!
não fosse a esperança
que morrera num qualquer dia
passado que foi…
e já não voltara!

voando por entre as nuvens
que esvoaçam na concha das mãos
nas entrelinhas içadas e apagadas
e dos barcos cadentes e fugidios…

fossem as palavras surdas
brisas que vagueiam o mundo
à tua procura… ao teu encontro…
essas minhas… rasuradas no silêncio do papel.

ai!
fossem as horas no sentido contrário
e o sol e a lua
e os gestos e as palavras
e as marés…

ai!
tão brando esses gestos
da espuma das ondas
que vestem a areia
onde desenhei o teu nome…

Bruno Ribeiro
PMS, 25 Agosto’008