sexta-feira, outubro 06, 2006

podem vir

podem vir...
seres necrófagos alados... podem vir!
podem vir... sanguessugas sequiosas, podem vir!

encontro-me atado a um cato em forma de cruz,
com cordas espinhosas...
todo o tipo de esfomeados seres a meus pés
desdenhosos... famintos... podem vir!
secar a minha alma...
fragmentar, despedaçar o meu corpo...
eliminar o meu espírito...
rebentar com o meu coração... podem vir!
beber das minhas negras lágrimas,
trepar pelo meu corpo enlameado,
rasgar a minha pele,
arrancar a minha carne,
podem vir!

serpentes a abraçarem-me o pescoço...
outras a beijarem-me com veneno,
outras a cuspirem-me desespero...
outras ainda a fazerem o que quiserem...
podem vir!
pois já nada alimenta o meu viver!

por favor, venham...

Bruno Ribeiro
Lx. 6.Out.06

1 comentário:

Anónimo disse...

Há sempre algo que nos alimenta... Se sentes tudo isso... se achas que podem vir... então há ainda uma réstia de esperança. Mesmo que cheguem, o instincto de sobrevivência estará sempre presente. Uma alma não se define pelos sorrisos que emana... mas pelas lágrimas que sabe limpar para contornar as pedras do caminho. Paulo