domingo, outubro 01, 2006

deixei-me levar… e encontrei-te!

embrenho-me nos ventos do norte,
sou pétala, sou folha de Outono,
deixo-me ir para onde o vento me levar...
já não há vida no meu coração
e alma transformou-se em pedra.
levantei a taça de vencido
e fiz jus ao vencedor...

nos meus olhos,
nascem vagas de negras lágrimas,
e a sombra da lua e do sol
espelha-se sobre mim.
sei que aqui e ali não sou feliz,
por isso parto para a aventura...
entrego-me ao mundo,
como o cordeiro se entrega ao lobo,
levo a guitarra sem cordas nas costas,
papel rasurado e uma caneta virgem,
levo o meu corpo
embebido em sangue,
suor e lágrimas,
cavo sementes de poesia
e desatino a dor que me acompanha.

ergo a fronteira da vida e da morte,
sou condenado no tribunal do sofrimento,
onde o diabo é o meu advogado,
onde os seus discípulos riem pela pena em mim imposta,
penitenciado, acusado e torturado,
ficam com o que resta de belo,
com actos impunes, eles vencem...
uma vez mais.

continuo a viagem a que me submeti,
caminho descalço pelo tapete em brasas,
pelo passeio de espinhos...
mas, não é esta a dor que me tortura...
peço para serem clementese porem um ponto final...
mas algo surge no horizonte,
uma borboleta,
uma flor,
um anjo,
que me diz, sem eu merecer,
para acreditar em mim...

fico estatelado e tento perceber
porque me diz,
o que me diz e quem é...

interrogo-me se será mais um truque
do meu querido advogado,
mas não... não sei... parece ser amiga...

dispo a minha nudez,
aperto a minha guitarra,
pronta a tocar (sem cordas)
levanto a caneta,
estendo o papel
e tento fazer algo...
uma canção...

assim me iludo... me perco...
nas pétalas do condenado,
nas amarras do inocente
e sigo sem saber por onde andar...

serás tu meu anjo que me irás encaminhar?
irás limpar as lágrimas que me escorrem pelo rosto?
irás sorrir para eu sorrir?
irás cantar para me encantar?
agora sei que sim…

deste-me o que ninguém me deu até hoje!
deste-me paz, alegria, sorriste…
deste-me vontade de viver, sorriste…
voaste até mim e… sorriste…
e devido a esse sorriso,
deixaram de nascer vagas de lágrimas,
e parei na minha viagem…

agora a minha guitarra tem cordas,
o passeio não tem espinhas, nem brasas…
apenas porque me sorriste e me deste vida!


Bruno Ribeiro
Coimbra Lisboa Leiria Porto de Mós

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