segunda-feira, outubro 16, 2006

.afogamento.


Sinto-me a afundar... amarrado a uma pedra e atirado ao mar...
O sufoco... o desespero... o medo... o pânico... a falta de ar... a curta-metragem da vida passada à frente dos olhos. As lágrimas a misturarem-se com a água salgada do mar que já me começa a inundar os pulmões.
Olho para cima e vejo o sol a diluir-se, a perder a cor e o brilho, a apagar-se... salpicos do calor que emana e a meus pés... o negro!

Por dentro, consumido por larvas famintas que se alimentam do meu ser, do que resta... ervas daninhas a sufocar-me, a apertar ainda mais os pulmões e a cravar espinhos no coração despedaçado... triturado... esmagado... dor agonizante...

Estendo a mão à procura do sol... e desisto...

Bruno Ribeiro
Lx. 16.Out.06

1 comentário:

Anónimo disse...

Afogar tudo aquilo que sentimos nunca é uma solução permanente. Desistir do sol é um erro. Quantas vezes me perdi na escuridão e achei que a única solução era a bruma total? Apesar de água se infiltrar nos pulmões, de a dor ser cada vez maior... só nos resta uma coisa: não desistir... mesmo que isso traga sofrimento e um caminho a percorrer que não sabemos qual o final. Mas como tudo é preciso arriscar. A vida é um risco por si só... logo viver é um risco e uma permanente prova às nossas capacidades de superação. Um abraço