domingo, outubro 01, 2006

sono profundo

Escondes o teu corpo nessas vestes,
Vestes de seda, de uma pura transparência,
Vestes ignoradas pela tua inocência.
Assim ardes nos meus braços e te despes,
Despes essas vestes tímidas
E deixas o prazer atravessar-te as veias.

Sente as minhas mãos...
Percorrer o teu corpo ardente,
Satisfazer a tua excitação impaciente...
Livres e selvagens são essas mãos,
Que desenham o teu corpo
E silenciosamente beijam o teu rosto.

A música de fundo, o ondular do mar,
Sedutora no teu céu de fantasias
Onde te banhas nas areias escuras,
Da noite ausentada pelo luar.
Um sonho tropical....
Percorrido pelos Anjos do Mal.

São estas mãos... brandas,
Que não te chegam a tocar,
Que dão este prazer de amar,
De te sobrevoar pervertidas,
De te darem o êxtase absoluto...
Porque te amo mais do que tudo....

Olhas para aquele espelho embaciado
E vês-te punida pelo meu amor,
Atingida pelas chamas do meu calor,
Iludida, por um beijo inundado,
Pelas minhas lágrimas de nanquim
E pelo sangue tímido que esvaia de mim.

E são as tuas vestes,
Que tapam o meu corpo sombrio
Onde desagua o meu sangue frio,
Arrefecido pelo teatro que me mentes
E representas...
Ao dizer que me amas...

Começam a chover...
Tentações dos Anjos do Mal,
Para caminharmos para o Paraíso infernal,
Onde as estrelas são prostitutas do prazer,
Da mentira, do ódio e da traição,
Que assim destroi... e mata o meu coração.

Vindos das escadarias do Olimpo,
Descem os cavalos negros,
Testemunhas dos deuses vencidos,
Que trazem a criança do teu corpo
E que cegamente...
É amada por mim perdidamente....

Para quê sorrir?
Ser na vida um herói...
Quando o meu coração dói,
Quando não sabes o que por mim sentir...
Ser gárgula dos tempos,
Infeliz nos meus sonhos...

Descem os abutres, para consumir a minha carne,
Elevam-me os demoníacos
Dos céus eternos...
Mas, quem me ilude é o teu charme,
Feiticeiro da traição,
Inimigo do meu inútil coração.

Deixem-me dormir...
Ter este sonho bonito... contigo,
Fundir-me naquele poema amigo,
Juntos, para a Lua partir,
Sentir na pele um desejo
E nos lábios um beijo.

Para quê querer despertar?
Para a vida cruel que me espera,
Quando a música suspira,
As letras que sonhava em te cantar.
No humilde caminho que percorro
E como uma flor sem água... assim morro.


E é assim que desisto...
Sem honra.
É a minha vida que eu quero que morra,
A razão, o que por ti sinto...
Sem honra e com dor
Bebo este veneno, pelo amor.

Bruno Ribeiro
2000 e poucos

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