domingo, outubro 01, 2006

obscuro

Está escuro, o sol deitou-se e a lua acordou...
Está mesmo muito escuro, o dia adormeceu e a noite cresce!
Os dias não têm sol e sem lua a noite é preta...
Os meus dias são pretos sem o sol de sentimentos;
Os sentimentos fazem aumentar as saudades
de ter dias claros e noites mágicas...
O som do piano calou-se e as teclas ainda são premidas;
O som da guitarra calou-se e as cordas ainda gemem;
O som da bateria calou-se e ainda se vêem os pratos baloiçar;
O rio parou e as palavras calaram-se;
O magnetismo virou-se e o vento acelerou
as saudades de sentimentos, de corpos distantes!
A música parou de tocar e os sonhos... pesadelos;
O arco-íris na noite escura e os uivos sem luar...
E mais um choro na longa solidão...
A batuta do coração treme,
mas nada move os sentimentos de corpos ausentes;
A brisa virou tempestade
E o sol um cristal gélido;
As nuvens pretas carregam a chuva que me banha;
A lama sobe-me pelos pés acima
E o frio desce pela espinha abaixo;
O cabelo parece um barco à deriva
nesta noite em que só se vislumbra negrume;
Os barcos à vela no mar e poucas estrelas no céu sem brilho
e nada mais...

E quando o íman do amor
Aproxima esses puros sentimentos esses corpos nus
O rio viola qualquer obstáculo;
O sol aquece dia e noite, respira vida...
A noite é clara e os arco-íris são coloridos;
O vento amena e as vozes já não se calam;
Ouvem-se sorrisos, em vez do pingar de lágrimas;
Ouve-se música sem cessar, baladas de poesia;
Os pássaros cantam, as nuvens evaporam-se;
As árvores dançam ao sabor da brisa celeste;
A paixão ardente emana alegria;
E à noite... à magia no ar...
E os barcos voltam a ver-se nos céus da felicidade
E as estrelas voltam a brilhar nos mares do amor!

Bruno Ribeiro
Coimbra, 4 de Novembro de 2002

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