sexta-feira, outubro 06, 2006

não posso crer

não posso crer,
que as sementes da paixão vagueiem pelo ar
sem terem onde pousar,
à deriva no tempo, sem perdão... não posso crer!

não posso crer,
que as estrelas morram em vão
em puro desespero se escondam
no esquecimento de quem desiste... não posso crer!

não posso crer,
que os barcos vagueiem no céu... no mar...
se afundem num amor perdido,
numa neblina, véu de seda... não posso crer!

imagino sim, no que acredito...
no que o coração me diz e o mar segreda,
que rabiscos na areia as ondas não levam...
mas acariciam... em segredo...
com a minha simples companhia...
com os meus desejos e os meus medos...
a brisa a bater-me na cara,
brisa leve, suspiro de gente
afogada na esperança de viver,
com mil sorrisos ao amanhecer
mil beijos ao anoitecer...
o afagar o cabelo... olhar eterno... intenso....
a espuma das ondas... carinho...

não posso crer que tudo se perca na neblina das horas...
não posso crer!

que as estrelas deixem de luzir
no fundo dos mares - confidentes...
que os barcos partam sem deixar rasto,
uma breve linha no céu,
de esperança, de mágoa... não posso crer!

não posso crer,
que o tempo vivido se reduza a pó...
a cinzas... a vazio...
e que o tempo ao meu lado não seja lembrado...
e que ao meu lado o tempo não seja vivido...
não posso crer!




sinto sim no coração esperança,
esperança de ser feliz...
por isso estendo a mão aos céus
a pedir perdão, a pedir ajuda...
enquanto o resto do corpo é desfragmentado,
despedaçado... alimento de necrófagos,
vorazes predadores de corpos infelizes...
devoradores de almas condenadas...
estendo a mão...

... estendo a mão,
à procura de uma asa que me puxe,
que me leve para longe,
longe destas areias movediças,
longe desta solidão...
longe da tristeza...para longe...
perto de ti!

não posso crer...
não posso crer que não se estenda essa mão,
que não queiras viver o tempo a meu lado,
que te escondas algures nos afazeres,
não aceites a flor que te ofereço... um jardim,
que deixes de acreditar na magia,
que prefiras 'tar longe de mim,
que não me queiras mostrar se me amas,
que não me queiras amar!

não posso crer...
que não me queiras afagar...
que não me queiras acarinhar...
não posso crer...
que não me queiras olhar...
que não me queiras tocar...
não posso crer...
que não me queiras beijar...
que não me queiras amar...
não posso crer, desculpa mas não posso crer...

Bruno Ribeiro
Pms, Out.06

2 comentários:

Anónimo disse...

Não posso crer, não posso crer... Assim acordo tantas vezes do pesadelo de respirar sem poder contemplar uns olhos à minha medida, não poder abraçar o tempo e descobrir que a felicidade mora dentro de mim, porque há uma janela que alguém abre quando precisa de respirar. Não podemos crer... custa-nos a acreditar, mas só nós podemos perceber o que não percebemos que acontece, quando sentimos isso sem que do outro lada da janela haja uma resposta...

Anónimo disse...

tudo o que foi vivido nao esta reduzido a cinzas...tudo esta escrito no teu livro da vida...guarda todos esses momentos no coração e recupera as tuas asas ou deixa-te voar nos braços de um anjo para o caminho de magia, de amor...nao percas a esperança...nem deixes de te amar...nunca percas toda a beleza da tua alma que se reflecte no teu olhar...apaixona-te pelo Amor, essência de onde surge a fragrância da vida...
beijinho recheado de alegria