quinta-feira, fevereiro 22, 2007

murmúrios



leves como a pequena brisa fria
que sopra por aqui e ali…
vagueando nas pedras por onde
os meus olhos correm sem olhar!
carregados de desencantos
imagens tépidas de uma qualquer utopia
vejo-me incógnito no meu olhar!
fugindo de mim mesmo sem me mexer
percorrendo as pernoitas dos pensamentos
sem saber quem sou eu…
[aliás… até poderei saber…
só não sei o que serei…]

arranho as paredes sem lhes tocar,
profundas reticências no respirar
folheando o livro das memórias
que guardo no coração…
parto sem partir numa viagem
das mil perguntas sem resposta
das incógnitas sem certezas…
entro no comboio sem carris
de um qualquer sentido sem sentido
para um qualquer rumo sem rumo

‘grito sem ecoar qualquer som
neste silêncio que me incomoda
de não poder partilhar qualquer olhar
nos dias e noites de vida deserta


agarro-me ao violoncelo dos desenhos
e finjo sorrir a mim mesmo sem vontade
evitando olhar para qualquer espelho
que tenha esboçado o meu rosto
para não ler no verde dos meus olhos
a tristeza que me assola
e de uma desilusão e desalento
de uma qualquer vontade.
evito olhar para o meu ser,
pois o luto da paixão consome-me
e o desligar do pensar não existe
e logo lembra o que sinto.

corre verde,
a água nas paredes desta masmorra
e ouço os seus murmúrios
eco das lágrimas que por vezes renascem
nas páginas secas do meu corpo
estendo a mão
à espera que o dia do amanhã
seja melhor, tento acreditar…
mas quando a noite se acende
e o silêncio dos lençóis se faz
sinto a vida solitária de um deserto
que não escolhi.

Bruno Ribeiro
Lx. 30.Jan.007

9 comentários:

Anónimo disse...

O Passado esta certo. O presente decorre, e o Futuro logo se verá. Vive apenas um dia de cada vez e quando encostares a cabeça na almofada deita-te com a consciencia que tudo fizeste nesse mesmo dia para a concretizaçao de um futuro melhor.

Jade disse...

às vezes resta-nos viver um dia de cada vez e deixar que o acaso deposite na nossa vida uma qualquer luz, um qualquer sorriso, um qualquer sonho...

betty boop disse...

Palavras muito bonitas carregadas de sentimento, de paixão, nostálgia...às vezes sentir a solidão faz-nos enveredar por novos caminhos…traçar um novo destino que nos leva a algo de muito melhor.
Sorri...nunca deixes de sorrir. Nunca finjas um sorriso quando ele é tão belo. Deixo-te a letra de uma linda música partilhada por alguém especial :D

“Somewhere over the rainbow
Skies are blue,
And the dreams that you dare to dream
Really do come true."

Um beijo doce e fresco com sabor a menta ;)

Anónimo disse...

Soberbo este poema! Apesar daquilo que te inspirou para escrevê-lo traga uma amargura bem patente. As masmorras são sempre um lugar difícil e nem sempre sabemos como sair delas, mas só a convicção de que um dia ons lençois em que nos deitamos, terão a harmonia... faz-nos querer acreditar que no fim de muita espera, acreditando, acaba por valer sempre a pena! Um abraço deste teu amigalhaço do peito ;)

Anónimo disse...

Um dia o amanhã será certamente melhor , precisas acreditar nisso para te livrares da solidão que te cerca.
Beijito.

Twlwyth disse...

Doce murmúrio de encantos perdidos. Suave rumor de caminhos não escolhidos.
Burburinho de palavras de esperança secreta.
Uma brisa de beijos.

Paulo disse...

Sem palavras. Só mesmo a "sombra" do poeta desassossega.....

Anónimo disse...

""corre verde,
a água nas paredes desta masmorra
e ouço os seus murmúrios
eco das lágrimas que por vezes renascem
nas páginas secas do meu corpo""
______________
É sempre assim quando o coração não está em paz,(sofre, grita, chama, ruge, sussura) mas lá virá o dia em que o silencio se perderá, as lagrimas se transformarão em sorrisos rasgados, e olhares brilhantes de felicidade. É o meu desejo para ti. Fica bem... Beijinhos doces e fofinhos embrulhados em algodão doce.**

Anónimo disse...

Como ja tenho dito algumas vezes...nao poderas amar, se nao te amares a ti proprio...olha para dentro de ti e vê a beleza que há em ti...vê a tua essencia...sabes que me encantas...Beijinho e abracinho grande