segunda-feira, novembro 03, 2008

desenhando o teu nome na espuma do mar

photo: como dizer o silêncio_mariah

ai!
tão brandos esses gestos
da espuma das ondas
que vestem a areia
onde desenhei os meus pés descalços.

ai!
tão fugaz esse olhar
das ondas do mar
onde amanhecem marés
que se enchem e se vazam…

ai!
por onde vagueiam os meus gestos
que se arrastam
entre a espuma do mar
e desaparecem…

sopro fraco,
porque forte não consigo
mais que a breve cortesia
de me erguer!

toque franco
esse que as teclas do velho piano
repousam entre os dedos
que te procuram no ar vazio!

ai!
não fosse a esperança
que morrera num qualquer dia
passado que foi…
e já não voltara!

voando por entre as nuvens
que esvoaçam na concha das mãos
nas entrelinhas içadas e apagadas
e dos barcos cadentes e fugidios…

fossem as palavras surdas
brisas que vagueiam o mundo
à tua procura… ao teu encontro…
essas minhas… rasuradas no silêncio do papel.

ai!
fossem as horas no sentido contrário
e o sol e a lua
e os gestos e as palavras
e as marés…

ai!
tão brando esses gestos
da espuma das ondas
que vestem a areia
onde desenhei o teu nome…

Bruno Ribeiro
PMS, 25 Agosto’008

10 comentários:

Eu sei que vou te amar disse...

Simplesmente lindo este desenhar...quantos nomes ja desenhamos e deitamos ao mar?
Beijo sentido

ruth ministro disse...

O mar desenha sempre belíssimos cenários poéticos...

ivone disse...

ai!

não fosse entrar assim sempre para te ler como que num reconforto de alma

impulsos disse...

aí!
nesse tão calmo e cálido
mar de esperas
o mar dos teus silêncios
onde te abandonas
e te deixas levar
sem pressas
na quietude das palavras
com que desenhas o seu nome
e que te enchem os dias
tão frios
tão vagos...
como vagas são as marés
achadas no lastro da espuma
que te invade por dentro
desse teu mar
de água salgada
que te escorre dos olhos
e te rola pela face
gelada
como se fosses
estátua de pedra
imagino-te assim
num mar
quase morto
suspenso no tempo
feito de lamentos
e sobras deixadas
coladas ao sofrimento

um tempo que não existe
mas que é só teu
e é lá que te refugias
e sobrevives
num ultimo fôlego...
...de um sopro de alma


Beijo

Twlwyth disse...

Que saudades do luar reflectido nas ondas do mar em noites longas de Verão.

Belo poema Bruno.

(Obrigada pelas tuas palavras)

Beijo doce

tchi disse...

Bem desenhada a harmonia que no conjunto aqui e encontra.

Gostei deste "Tertúlia dos Sentidos", que acompanharei.

Parabéns pela criatividade e pelos poemas-ensaios aqui expostos.

Fotografias muito bem escolhidas.

E, a sonoridade segue o acima dito.

Anónimo disse...

«fossem as horas no sentido contrário
e o sol e a lua
e os gestos e as palavras
e as marés…»

Sinto tanto quando as letras são tão poucas...
Volto. Prometo.

Um beijo.

as velas ardem ate ao fim disse...

Um pema belissimo.

Tb tu te esqueces do teu proprio ai.

um bjo

Bichinho disse...

Sublime desenho de Mar e palavras...beijo fantasma

Shadow disse...

Ai...
que texto lindo!
:)

Bjs,
Shadow