segunda-feira, janeiro 12, 2009

incógnita

photo: procuro-te no interior da penumbra_mariah

será vida,
esta que desatina amarga
entre as páginas de solidão
que se atropelam nos cadernos amarelados
do tempo, que se mantém áspero.

deslizar rude,
entre os capítulos do livro demente
escrito desde a tua partida.
à espera do capítulo da tua chegada
essa vã esperança, que me alimenta
quando, mesmo, já não consigo trincar
o ar que preciso respirar.

será vida,
esta que desatina sem esperança
na árida face da solidão
que pauta o meu percurso vago
entre lugares que te procuro
sem nunca… te encontrar…

deslizar rude,
entre os capítulos do livro demente
escrito desde a tua partida.
mas já não consigo escrever,
nem sequer chorar
e respirar já custa tanto
entre o sufoco dos segundos
e a inconstância dos momentos


Bruno Ribeiro
PMS, 27.Dez.008

14 comentários:

Arménia Baptista disse...

A vida é muito complicada...só é preciso um bom bocadinho de ânimo...;)
abraço

isabel mendes ferreira disse...

muito muito muito BOM!



abraço.

Anónimo disse...

Às vezes não é essa a vida que devemos fazer por viver... apenas se faz dela poema triste, belo...
Mas a vida tem muita beleza ainda por descobrir!
Descobre-a!

Bjs

as velas ardem ate ao fim disse...

Um texto lindissimo!

eu continuo a pebsar como o Paixão...viver tdos os dias cansa..e muito.

um bjo B

as velas ardem ate ao fim disse...

dsc ter voltado mas sabes que me sinto muito cansada...

Cheira me a solidão.Um cheiro forte, entranhado na pele que por muito que se esfregue com água não desaparece.Está la.Nausea.
Não adiantam os banhos, concluo, então o melhor é pensar numa solução...ou não.(e o cheiro não passa.)Deste cheiro, primeiro estranha-se depois entranha-se, não se passa a gostar apenas a saber viver com ele.
Saber viver...Saber viver tem muito, ou se calhar nada, que se diga.Viver ou será sobreviver??!!Eu sobrevivo.Sobreviver é duro, muito duro.E valerá a pena?Não sei responder.A minha resposta seria tipo tosta mista, sim e não, sem certezas.
Talvez porque certezas tenha poucas ou mesmo nenhumas.As desilusões fizeram me acreditar menos.
Mas aqui estou eu no jogo do empurra da vida.Sim, tenho a sensação que é esse jogo que se joga.Como se estivesse a andar rua fora e consciente ou inconscientemente me empurrassem para não prosseguir o meu caminho e eu própria fizesse o mesmo para chegar ao destino.E o caminho e o destino traduzem se apenas no final de mais um dia. Mas de tanto jogar ou viver, como lhe queiram chamar, o cansaço pesa me e mal consigo andar.E amanha começa outro dia.

um bjo

Som do Silêncio disse...

Tu!
:)

Beijo muito terno...assim...sabes?

Som

LuzdeLua disse...

Maravilhoso, embora triste amigo.
Tuas palavras entranham a pele e adentram alma a fora.
Escrita com muita sensibilidade.
Deixo-te um abraço amigo e bons desejos para a semana. Bom ânimo, tudo passa.
Bjs

Susn F. disse...

É VIDA, mesmo quando nos sufoca e nos rasga profundamente.

BEIJOS

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Por entre o luar disse...

Às vezes não devemos esperar por aquilo que tarda muito a vir, às vezes temos que aceitar a partida e não nos iludirmos com a volta... às vezes as coisas têm uma razão de ser e há que aceitar... a vida é curta demais oara se desperdiçar em angústias e medos, muito menos em esperanças que a cada dia que passam nos apercebemos que afinal não tinham assim tanto sentido:D

Beijinhos e sorriso:D

Pearl disse...

O vácuo que fica depois da ausência é insuportavel...

beijos

Freyja disse...

Caro Bruno,

Fiquei com uma imagem tão marcante do teu poema...

Visualizei um ser humano, com um saco de plástico na cabeça, coladinho à boca e aos orifícios do nariz... Eu sei que não é propriamente uma coisa simpática, mas é um sufoco evidente.

Sabes, eu acho que quem escreve, sofre e traça a dor e o amor pelas voltas de cada letra, conhece melhor que ninguém a angústia de não ter. O inatingível concreto que não existe...
Uma sensibilidade inexplicável e impossível de desligar, que faz de quem escreve, um baloiçar constante entre o real, e o imaginário (que é tão real), do que é possível e do que é qualquer coisa que se procura, incansavelmente… Não te cansa, esta procura?


Um beijo solidário,

Veronica Pereira disse...

Obrigado pelo comentário.
Gostei deste teu poema, mas não sei bem o que te dizer sobre ele..
gostei muito do teu blog, irei voltar certamente.
Abraços
Veronica

Heduardo Kiesse disse...

de uma beleza profundamente captável!!


abraços