sexta-feira, dezembro 07, 2007

in the night, about a book

photo: do livro I_Heliz


pedras soltas,
como o pensamento que vai e vem
deslizando por baixo dos meus pés,
páginas soltas de um livro.
perco-me a olhar sobre o Tejo
à procura do mar… do inexistente!
quantos ecos não evocados…
solidão entre calçadas
perdido entre muralhas
vagueando por entre focos de luz
linha de sombras que me escondem o corpo.
beijo a curiosidade do luar
sentado na esplanada, com o meu olhar,
serpenteando as tormentas do pensamento
enclausurando o sentimento
que solto através das palavras
na ponta desta caneta
tacteando a superfície desta folha
amarelada do tempo, da solidão…

‘percorro as ruas e as travessas
com o som dos meus passos como pano de fundo,
saltitando entre as luzes dos bares
abertos noite dentro no bairro alto
canto a mentira de uma alegria
enquanto entretenho o pensamento no nenhures…
sorrisos de pessoas temperadas pelo álcool,
cheiros de mil cheiros,
rostos vagueando entre portas,
corpos dançando, bailando, mentindo…
à procura de quem não são!
embrenho-me num qualquer poiso
e observo as pessoas que ali existem
beijos perdidos no ar
misturados com o fumo dos cigarros,
copos vazios pelo tempo
peço algo que nem sei e saio
e corro no meu ser
as efemérides da vida!
voo pela memória, deambulo…
danço ao som das luzes e perco-me
e quando dou por mim,
volto para aquela cadeira na esplanada junto ao Tejo
e repouso o olhar no amanhecer
acordando para um dia que me espera só
sem álcool nas veias
porque o sal das lágrimas
consome-me noite e dia!

Bruno Ribeiro
Lx. 1.Fev.007

6 comentários:

Bichinho disse...

Beijo fantasma.

Azul disse...

Nos teus passos... revi os meus...

Beijo
Azul

ruth ministro disse...

A tua melancolia, vagueando pelas ruas da minha Lisboa... Amei :)

Mil beijos

Brain disse...

Duas palavras:
Pleno e Sentido!

Muito Bom!

Abraço.

Rain disse...

Obrigada pela tua visita e comentário! Gostei muito de "te" ler.
O vento frio da noite, a ausência de sol na alma, o pensamento solto e perdido aqui e ali no meio de coisa nenhuma. É o que sinto, o que me sugere tudo isto.

Sara Imaginário disse...

E doi no peito tanta dor sentida na solidão e ver tanta gente perdida que se esqueceu do amar e não se resigna com a melancolia deixada por um amor que ficou lá mais atráz...