as calçadas de lisboa tendem sempre a cruzar...
as veias poéticas da cidade...
nas artérias em que os passos são ruas e se transformam em avenidas.
pé ante pé o caminho vai ficando para trás
a uma distância a que não se regressa...
passos dados de palavras encostadas nas paredes
pequenos fragmentos do livre pensar dos poetas
de mãos atadas ao fogo da vida
que queima
Que infringe a ferida da lei da poesia
nos rasgos que os corações sofrem
causados pelo ardor da chama imensa
que se apodera da mão tremule
que se agarra a uma caneta como à vida...
cicatrizes de tinta
negra
que se arrastam nas margens. Da luz.
Movimentos de flagelo e degelo
do interno coração arterial,
pulso cerrado e exposto do passado.
Um presente amontoado à sua passagem
um poeta cambaleando só.
E marginal
nostalgia dos velhos tempos
tempos antigos
de trapos e gestos usados.
olhos cansados de velhas insónias
que escondem sorrisos esquecidos
naufrágio de versos grisalhos
na fugaz tentação de amar
na sombra grisalha dos desejos
o rasurar de um livro esfarrapado
coberto pelo pó das memórias
imemoráveis.
Tiago_Poeta + Bruno Ribeiro
pelas ruas de lisboa