O meu Sol e a minha Lua fugiram de mim,
levaram os sorrisos e o brilho dos olhos,
levaram a paz e o carinho,
levaram tudo, deixaram muito...
A pomba e o corvo olharam-se e voaram...
lá para longe, onde ninguém os vê,
lá para longe onde ninguém os ouve,
onde o mar de sal se transforma em amor...
Na penumbra da noite,
o arco-íris a preto e branco,
nublado de lágrimas minhas,
enriquecido com pautas negras de dor
onde esvaia um rio de sangue...
Lá nos horizontes perdidos, esquecidos, ignorados...
voa a águia e o falcão,
nadam os golfinhos e os tubarões,
correm as chitas e os tigres...
No ninho do Paraíso
nunca irei por os pés,
nunca ouvirei palavras de alegria,
porque como uma borboleta,
fiquei preso num casulo!
Nos olhos castanho-esverdeados naufragados nas lágrimas,
negras com a lápide da noite escura,
vermelhas como o sangue que brota das feridas,
salgadas como o mar que bate nas rochas...
E no Olimpo e na Antlantida,
os deuses festejam pelas suas conquistas,
enaltecidos por uma ninfa de sete mares,
despida da timidez e fiel como uma serpente!
Bruno Ribeiro
Coimbra, Outubro de 2000
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