O vento beija-me a cara… acaricia-me,
O sol aprecia…
Pessoas incrédulas oferecem o olhar
À procura das respostas incompreendidas…
Folhas de Outono deixam-se cair,
Passam ao meu lado incógnitas…
Finalmente os degraus em caracol param!
Sustenho a respiração… hesito…
Procuro o horizonte, procuro respostas…
Abraço-me às grades que protegem os transeuntes,
Interrogo-me…
Suspiro… respiro fundo…
Por que olhar para o que não quero
Causa-me turbilhões mentais,
Tudo gira sem rumo,
Roleta russa!
Uma bala perdida…
Não quero pensar…
Não quero sentir…
Não quero olhar…
O vento agora sopra… mais intenso,
Agonia… incerteza…
As pernas tremem,
Recuso a mexer-me
Mas também não posso ficar parado,
Dou um sinal de coragem,
Um passo em frente,
Tudo se move, tudo gira…
Tudo se perde…
Uma pétala caída,
De uma rosa negra, lágrima minha.
Mecanicamente deixo-me embalar,
Sons metálicos ecoam,
Mil pensamentos varrem o meu ser,
Enquanto me perco a olhar o vazio,
Penso…
Lembro-me…
Olho para o chão… Choro…
Passado um minuto chego à terra!
Suspiro uma vez mais,
Pareceu uma eternidade,
Quero-me levantar, não consigo…
Uma porta abre-se – rua.
Lembro-me uma vez mais – saudade.
Faço o percurso da calçada até ao rio,
Abraço-o…
Embalo a única certeza que tinha,
Numa garrafa de vinho… vazia!
Içada a vela,
Levantada a âncora,
Parte… sem destino!
Fico a olhar…
Saudade,
O fado das gaivotas…
A garrafa perde-se no horizonte
Mas finjo ainda vê-la,
Deixo-me estar…
É noite… O sol amanhece…
Está alto… adormece…
Deixo-me estar.
Amanhece uma vez mais… ainda a vejo!
Bruno Ribeiro
Lx. 29.Out.06