quarta-feira, outubro 29, 2008

jantar sublime

photo: esperando o tempo_alba luna


encosto ao meu olhar
as recordações desse teu olhar
que me inquietava!
entre conversas e sorrisos,
troca de olhares e gargalhadas,
ora distraídos como amigos
ora varrendo o ar de soslaio
e o beijo ausente
de um olhar de carinho…

saciei a fome no jantar
e a sede no bar…
mas não saciei o desejo…
...........................- de te beijar.

e sempre que recordo aquele olhar
mais sinto o desejo…
a varrer-me o corpo…
saborear os teus lábios,
no sublime toque
da noite.

Bruno Ribeiro
Lx. 11. Set. 008

quinta-feira, outubro 23, 2008

em viagem!

photo: boat_bill tsukuda


nas cinzas caídas de um toque,
aquele em que a minha mão se estende
e percorre o teu rosto.
aquele em que o meu olhar se perde
e mergulha no teu olhar.
aquele em que os meus lábios se diluem
e nadam no teu corpo.

nas amarras esquecidas de um beijo,
aquele que não se esquece, o primeiro
e que navega pelas memórias da paixão
aquele em que os nossos lábios se entregam
e desnuda os nossos corpos
aquele que apazigua os nossos desejos
e revela o nosso amor!

ai! fossem essas cinzas as tuas mãos
ai! fossem essas amarras um abraço!
que me fizessem sentir-te aqui
nesta trémula viagem
em que percorro os sonhos
num barco de papel!

Bruno Ribeiro
PMS. 29.Junho.008

quarta-feira, outubro 22, 2008

som de um beijo

photo: girl and violin_joy


em que tempo te situas?
nesse teu altar
feito de nuvens,
ilusões do meu olhar!

em que te encerro
na concha das mãos
e te liberto
no sopro da paixão.

ao som, do despertar de um girassol
e o bater de asas (in)consciente
do anjo que não és,
céu vazio sem ti!

aproxima-te
aproxima-te mais…
escuta a voz que te chama
por entre o vento…

som de um beijo!

Bruno Ribeiro
PMS. 3. Julho.008

sábado, outubro 18, 2008

um gato no telhado

photo: rain in town_martis


repousado,
na cumeeira de um telhado
olhando
e desfrutando
breves miares ao luar
breves melodias pelo ar
que varrem esta cidade
perdida entre outras cidades…
gostava de estar aí sentado
nessa cumeeira
beijada pela lua
gostava de escutar nesse lugar
os sons desta cidade viva
escondido por entre os ramos da noite
e cantar,
com uma guitarra nas mãos
qualquer coisa sonante
ou uma qualquer balada…
mas não sou sequer ágil
para estar sentado
nessa cumeeira ao luar
nem tão pouco ágil
para despontar acordes
desta guitarra sem cordas…

Bruno Ribeiro
PMS. 5.Julho. 008

segunda-feira, outubro 13, 2008

Será que vale a pena?

photo: unknown

Será que ir para longe resolve algo?
Será… que deixar tudo para trás alivia tudo aquilo que sinto?
Ou é apenas um acto de cobardia? Fugir das coisas… não sei!
Mesmo não sabendo onde o meu coração pára (porque o dei há algum tempo) a dor acompanha-me…
A solidão entre as gentes…
E cada vez mais o vazio é maior!
O silêncio sufoca, porque a minha cabeça não deixa de pensar e lembrar e o coração não deixa de sentir.
Quero parar de escrever, pois estas palavras são as lágrimas secas do meu olhar e, já me doem os olhos…

Será esta partida solução?
Ou um atenuar a dor em silêncio, no vazio dos seres, um reciclar da vida?
Terá o meu coração (que se encontra nas tuas mãos, talvez já deixado para trás), enfim paz? Um sossego…
Será que vale a pena?
Será esta a minha última palavra?
Se é, aqui deixo…

Eu nunca te esqueci!

Bruno Ribeiro
silêncio das palavras – o cair do pano

sábado, outubro 11, 2008

O último desabafo

photo: unknown

Quando as palavras se escorregam das mãos e a vida se cruza num olhar fugaz, questiona-se o que se sente, o que se pensa, o que se deseja…
Quando as mãos em forma de concha se estendem, entre um olhar terno, veracidade de um sentimento…
Quando se vê atravessar o ar vazio de uma solidão não desejada, jamais qualquer palavra fará sentido, num qualquer sentido sem sentido.
Fugaz como a brisa que se perde entre uma tempestade, e a gota de água que se esvanece no mar diluindo-se como o meu olhar entre as vagas das lágrimas que teimam em escorrer no silêncio do meu sentir, o que por ti sinto.
São vagas de ternura, olhar que jaz numa praia vivida e vendida num qualquer gesto!
São estas as palavras sem sentido que esvoaçam entre luares que tento esvaziar dos sentires tristonhos em que me encontro que num colapso teimo em relembrar, sem vontade de o sentir!
Jaz em mim a paz absorta da violenta solidão a que a minha sombra me acompanha, no vazio imenso da tua ausência de um cruzar de olhares.
A carvão, desenho no meu olhar as lágrimas secas e o grito mudo, da dor presente e árdua, flor espinhosa e viva que me encurrala num pensamento viril.
Já me perdi e agora tento encontrar-me, entre passos cabisbaixos de uma caminhada silenciosa, que brota em cada meu olhar, ténue ardor de quem mais não consegue chorar uma dor que por vezes já não entendo!
E a cada renascer da escuridão da noite, em que o silêncio me ensurdece, perco-me nos pensares e sentires, crepúsculo do meu viver.
Por fim, pouso a caneta, a viola, paro sem saber onde nem porquê, deixo o caderno para trás.
Pois já nem assim o consolo me abraça e alivia…

Cada vez maior o silêncio à minha volta e desisto…

Bruno Ribeiro
entre o cair e o silêncio