terça-feira, maio 27, 2008

um café à beira-tejo…

photo: shy moon..._heliz


o repousar do sol já se deu…
e os meus olhos repousam no rio,
enquanto os barcos navegam ao sabor do vento!


na minha frente, uma cadeira vazia,
à espera da chegada de alguém, não sei quem,
mergulho na calma ali procurada,
por, ainda, a solidão me fazer companhia.

um vulto apodera-se dessa cadeira
comigo levantado e um par de beijos.

a conversa apodera-se das horas
as horas jazem com sorrisos nascidos
os olhares trocam-se perante o rio!

um violino longínquo que se aproxima,
som meloso que penetra na noite
cada vez mais perto!
um desconhecido surge com rosas
um sorriso do luar que prateia o rio.
e por vezes o silêncio para o escutar…

surge do nada um violoncelo
música do nenhures ali presente!
nós, ali presentes…
um pequeno concerto só para nós!
som altivo que nos enche o espírito

passeio junto ao rio até ao mar…
e as horas passam sem passar…
ancoramos na praia junto a uma fogueira
enquanto conversamos ao luar….

banho de sal…
banho de areia….
desejos com desejos…
sonhos com sonhos…
olhares com olhares…
sorriso com sorrisos…
corpos com corpos…

e quando o sol nasce
os nossos corpos repousam juntos
colados com o fulgor da paixão…

onde as nossas mãos passearam…
corre a água de um banho…
e por onde corre a água…
correm as nossas mãos…

banho de sedução…
sons que indagam os nossos seres
corpos colados tornados um só,
corpos molhados,
pintados pelas mãos…

chocolate a derreter no corpo,
sabor doce…
desenhos, rabiscos de prazer…
sabor doce o dos nossos corpos…
e passamos o dia enrolados na paixão
a dançar pelo chão,
pela cama, pelo chuveiro…
e paramos a olhar um para o outro
como na noite na praia
até que a lareira se apagou
e o nosso olhar adormeceu…

e acordo só na minha cama!

Bruno Ribeiro
Lx. 8.Fev.007

domingo, maio 25, 2008

seduzindo em segredo

photo: unknown


a minha voz ao teu ouvido…
em forma de sussurro
com contornos de segredo!


quando olhares nos meus olhos
diz o que desejas
o que sentes…
revela o teu coração!

quando pegares nas minhas mãos
leva-as para onde anseias
o que desejas…
revela a tua paixão

o meu olhar no teu olhar…
em forma de desejo
com contornos de sedução


quando escutares ao teu ouvido
dizendo o que desejo
o que sinto…
revelo o meu coração!

quando pegar nas tuas mãos
deixa-as revelar o teu corpo
deixa-as moldar as tuas formas
o que anseio, o que desejo… minha paixão!

Bruno Ribeiro
Lx. 7.Abril.008

sexta-feira, maio 23, 2008

acordes de desilusão

photo: st_Hernâni Faustino


junto à minha companhia – solidão!
esboço uns acordes que não sei tocar,
som triste no silêncio da noite…
derramo palavras de melodia que conheço,
cai uma lágrima… gela no olhar,
derrete no coração… seca no vazio…

na guitarra sem cordas,
ecoa sons surdos, melodias do passado
e agora presente melancólico.
agarro no violino…
e sinto-me morrer a cada anoitecer…
som que entranha de suavidade,
no meu olhar… murmúrio surdo.
descalabro em cada nova lágrima!
é tempo de parar de chorar…
e tocar no silêncio da noite
as mesmas músicas…
… mas enfrentando tudo o que sinto!
e pintar naquele quadro negro
um traço branco…
pincelada de esperança!


esperança de dias melhores.

Bruno Ribeiro
Lx. 1.Fev.007

quarta-feira, maio 21, 2008

relógio de cuco

photo: If I could rule the time_bloo

tic-tac
compasso da minha espera
melodia de um relógio de cuco
que teima em dançar
enquanto não chegas

tic-tac
o badalar na cabeça
da imagem do teu ser
que se aproxima de mim
mas que ainda não vejo

tic-tac
cai longe uma estrela
enquanto aguardo pelo teu beijo
aquele prometido…
e penso nele enquanto espero

tic-tac
e mais um salto do cuco
vindo à janela sorrindo
gozando comigo, por me ver
e quando voltar... ali estarei

tic-tac
espero…
porque não tenho para onde ir
porque não tenho com quem ficar
e assim… só me resta esperar

photo: night_unknown

tic-tac
cai mais um pedaço do relógio
num chão roído pelo tempo
enquanto espero…
esperando não sei o quê…

tic-tac
e não surges…
e não te vejo…
procuro-te algures…
e o teu ser eu desejo…

tic-tac
espera que teima em demorar
enquanto sorris sem eu ver
enquanto te moves sem eu saber
e eu aqui… esperando…

tic-tac
pouso a caneta
fecho o caderno
tiro os olhos da folha branca
e vou viver…

tic-tac
quando eu menos esperar tu encontras-me
inspiração do meu ser
que varres a minha alma
e que limpas as lágrimas do meu coração

Bruno Ribeiro
no tic-tac do tempo

segunda-feira, maio 19, 2008

há em mim

photo: trajectória do silêncio que te busca_heliz

há em mim
o silêncio da tua ausência
que crava
lá fundo,
bem profundo…
um amargo sentir
a fria sombra
que me beija
em forma de lágrima!

vivem em mim,
respira,
tortura
no meu ser
a ausência do teu viver
que chamo
no silêncio das palavras
que tenho de guardar
vivendo…
o dia-a-dia,
procurando viver
com um utópico sorriso
que esboço
sem vontade!

és a vida que me fugiu
e rebolo nas masmorras
do que sinto
e não consigo expulsar
do meu interior
fundo,
lá bem profundo…
no coração
que deixei nas tuas mãos.

reside em mim
a crepúscula
melodia da agonia
tocada pelo violino
que embala
o esboço das palavras
que desenho
efémeras,
no abraçar a solidão
vazia na multidão…

tacto na solidão
cheiro o teu perfume deixado
saboreio o amargo da tua ausência
ouço a própria sombra
olho… para minha a mão – vazia


Bruno Ribeiro
PMS. 27.Out.007

sexta-feira, maio 16, 2008

brinde

photo: falta-me tempo para procurar o tempo perdido_mariah

bebe da saudade que me absorve
as palavras de te querer ver
no barco que nos guia
até ao cruzar de qualquer olhar!

bebo da forma de querer
navegar pelo teu olhar
nos meus braços que querem
acolher-te neste meu beijo…

Bruno Ribeiro
Abril.008

quinta-feira, maio 15, 2008

timidez


photo: ask me no questions ..._avalon

esse teu olhar felino
de lábios rosados e húmidos
que me sorri!
esse teu gesto sedutor
de vestido justo
que me encanta…!

ai!

não fossem os meus gestos tímidos…
neste apaixonar lento
de uma troca de olhares…

ai!

não fosse a minha voz trémula
neste apaixonar lento
de uma troca de vontades…

esse requinte perfumado
que me embala
num jardim de tentações!
esse teu andar serpenteado
no caminho do nosso beijo
turbilhão de desejos…!

ai!

não fosse o dia noite
neste apaixonar lento
de uma troca de olhares…

ai!

não fosse o desejo sano
neste apaixonar lento
de uma troca de vontades…

e já estariam no chão
espalhadas… perdidas…
não queremos saber.
as roupas que nos tapavam…

e já estariam no chão
juntos… unidos…
não queremos saber.
os corpos que se destapavam…!

mas temos de nos conter
nesta troca de olhares
nesta vontade infame
de nos amarmos…

mas temos de nos conter
nesta troca de vontades
nestes olhares infames
de nos amarmos…


e as nossas mãos juntas
abertas e a dançar
serpenteando o ar
desenhando formas diluídas
na vontade de nos amarmos
ali mesmo,
em que o teu vestido justo
te desliza pelo corpo
assim como o meu olhar
que se perde nas tuas formas…
ali mesmo,
em que me percorres
com a brisa da tua voz
enquanto as mãos desenham
as vontades do nosso olhar!

Bruno Ribeiro
Lx. 6.Abril.008

terça-feira, maio 13, 2008

ausente


café,
peço simplesmente a um desconhecido
que me trás sem se apresentar,
agradeço e dou uma moeda
e saboreio…
um casal passa…
duas crianças brincam…
um pombo pousa, na calçada gasta
de tanta vida passada…

línguas estranhas ao meu ouvido,
música longínqua…
cadeiras vazias…
passos apressados, saltos de senhora,
picotar de bengala, um tossir…
transeuntes que passam…
cadeira vaga à minha frente
e o desejo de te ver ali sentada!

estou ausente de mim mesmo,
o que sinto mantém-me vivo,
o que sinto corrói e mata…
entre o silêncio das palavras


Bruno Ribeiro
Lx.8.Out.007

domingo, maio 11, 2008

o meu adeus a ti

photo: Conde de Rivera_alba luna


sangro versos do meu olhar
que desponta o eclipse do meu sentir
melodia do meu viver
a dita ausência do teu ser

vagas do som das palavras escritas
sentidas, pensadas e ditas
no auge do livro que se fecha
páginas do meu corpo que se esvai.

entre as ramagens vazias
e as margens suturadas
de sílabas monocórdicas
num último instante…

… o adeus!

Bruno Ribeiro
28.Abril.008

sábado, maio 10, 2008

esboço de um beijo

photo: duo_unknown


vasculho nas formas do tempo
quantas lembranças de recordar
o teu brilhante olhar…
aquele que me transporta, que me varre
para um qualquer lugar!
cristalino, que me seduz
que me despe no silêncio das palavras
diálogo do nosso beijar!
'os teus lábios carnudos

Bruno Ribeiro
Abril.008

sexta-feira, maio 09, 2008

encenação da nossa paixão

photo: suspensa na penumbra do instante_heliz

o cenário.

chuva que banha a noite
contornando-a, iludindo-a,
luzes apagadas,
música suave… uma brisa
velas espalhadas que nos envolvem
só os nossos corpos
rasgam este falso silêncio…

os cúmplices.

tu e eu!
a nossa vontade
os nossos sentidos
os nossos olhares
os nossos pensares
os nossos sentires
os nossos desejos
a nossa paixão
os nossos corpos…

photo: sem nome_sti

dança da loucura
que se abate sobre nós
levando a roupa cair
desembrulhando o nu dos nossos corpos
num gesto,
juntos…
as bocas que se unem…
as línguas que se amam…
levanto os teus braços
e colo-me nos teus seios
beijo louco…
que percorre o teu rosto
que se desenvolve no teu pescoço…
a tua perna
que me aperta até ti…
e saboreio os teus seios
o teu corpo…
e penetro-te com a minha língua
ardente…
invade em mim a loucura carnal
alvejando o teu corpo
com a minha paixão
empurro-te contra a parede
olho nos teus olhos…
que desvendam o diluir
dos nossos corpos, um no outro!
sinto-te…
sentes-me…
as respirações cada vez mais ofegantes
o nosso suor que se mistura
as nossas línguas que se saboreiam…
os nossos corpos que se amam…

Bruno Ribeiro
Abril.008

quarta-feira, maio 07, 2008

sombras da noite

photo: habito em mim por engano_mariah

são nos sons da noite
que mais sinto o silêncio do teu olhar…


de me ver na tua ausência
arde em mim a gélida pálida solidão
de me ver presente e ter
na tua ausência a companhia
do encruzilhar do meu pensar
com a imensidão do meu sentir!

e são nas margens deste livro
que pauto os acordes da minha dor
que não apazigua por te saber
afastada de mim, em silêncio!
é magra, a esperança de te encontrar
e no ruído do dia tento não te lembrar,
mas dói…

acompanho o choro do violino
por cantar a solidão
que dança comigo neste embrenhar
da chama ardente da tua ausência
que teima em não acalmar!

as palavras parecem-me cansadas
como um dia as últimas lágrimas
que se esculpiram no meu olhar!
e ainda choro, no tremule anoitecer
do meu acordar.

Bruno Ribeiro
Lx.22.Out.007

terça-feira, maio 06, 2008

Coimbra

photo: a balada de coimbra_mariah


limpo as cordas de uma velha guitarra
que não sei tocar!
do tempo em que recordo com saudade
mas agora apetece-me tocar
desordenado,
entre suspiros e sorrisos…

velhos rostos que guardo
nas páginas da memória do tempo
que teimei em não esquecer
e guardar com ternura
num lugar especial!
perdi-me… em ruas estreitas
mas encontraram-me
por isso sorrio…
e as velhas recordações rejuvenesceram
e agora salpicam-me de emoções
pintado pelos abraços entre amigos
velhas canções à volta da fogueira
junto ao rio que nos une!

voltei a abrir esse livro
que desejava abrir um dia
não sabia como
mas do nada… abriu-se para mim

dedicado :: aos velhos amigos de Coimbra

Bruno Ribeiro
Lx. 28 Maio. 007

domingo, maio 04, 2008

sonho molhado


espero por um momento, um eclipse
mas também espero pelos momentos
em que as flores azuis brotam para a vida
como as primeiras notas de uma música
que a brisa do vento trás, fresca e alegre!

procuro também os momentos
em que os pássaros voam para pousar
sobre os ramos verdes e coloridos das árvores,
de uma viagem longa, tão longa como a vida!

mas a vida só é longa se a souberem viver...

procuro os nanosegundos em que com espanto
acordas para um novo dia
com um sorriso nos lábios...
com um olhar feliz...
com mil beijos nos lábios...
com um madrugar feliz...
e em que queres viver comigo todos os dias, dia-a-dia!

mas um eclipse é sempre mágico!
quando o sol e a lua se amam...
nascem milhares de milhões de estrelas...
acendem-se milhões de milhares de barcos
que se cruzam entre si...
e criam estrelas cadentes que vão cair e brilhar nos
mares
e os barcos... mágicos como são
reluzem no céu negro da noite
com candeias de neptuno


procuro o momento!
aquele em que com um olhar
me dizes que me desejas...
aquele em que com um beijo
me dizes que me amas...

aquele em que toda a tua roupa
desliza pelo teu corpo como seda...
como o mar quando despe a areia,
como o dia que despe a noite...

abraçados, sentados na areia
a ver-o-mar durante a noite
à espera do dia...

agarrados corpo-a-corpo
colados pelos lábios...
me dizes – “para sempre!„

um sempre maior que o céu
o lençol que nos cobre!
maior que o universo que nos acolhe;
maior que o número de estrelas,
ou os grãos de pó,
ou o ar, a água ou a terra!
maior que todos os seres
maior que todos os reis
maior que todos os deuses

um sempre que nunca morre...

e são as músicas que tornam alguns momentos,
.................................................- momentos únicos
e são os gestos que nos marcam
as palavras e os sorrisos...
as palavras que não se dizem pela boca, apenas com
os olhos
olhares que tudo dizem tudo mostram

o momento que procuro...
é toda uma vida de felicidade que desejo ter
contigo a meu lado e contigo viver;
contigo sorrir e rir, chorar e falar;
contigo ver, observar, olhar e aprender;
contigo viajar, estar e querer
e olhar para o céu e lembrar os barcos
olhar para o mar e ver o primeiro olhar

e quando menos se espera
a magia aparece e faz suspirar!
e criam-se palavras e frases que não existiam
e canta-se, dança-se e abraça-se...

sonha-se...



uma nuvem que nos leva pelo mundo
ver o pôr-do-sol ali e acolá
e na cama o nascer de um novo dia,
amanhecer com beijos...
adormecer com desejos...
viver com a música que nos cativa

e é amar-te assim perdidamente
em que uma rosa refresca o teu corpo
percorre-o suavemente... arrepiando-o...
beija-o...

é como um rio que desce uma montanha devagar,
devagarinho...
é como uma pena perdida no ar
que está a passear com o vento;

um cubo de gelo a tocar no pescoço, nos ombros e no
umbigo,
sem caminho traçado e com destino incerto;

os meus lábios beijando a água derretida,
lambendo e deixando saliva,
muito devagar devagarinho...
e as mãos a seguirem caminhos distintos...
pelos teus seios...
e beijo-os... e lambo-os... mordisco-os...

beijo-te!



a minha língua toca na tua língua;
os meus lábios tocam nos teus lábios;
os meus lábios tocam na tua língua;
a minha língua toca nos teus lábios...

lambo-te o pescoço... beijo-te os ombros..
desço para os seios molhados e fico por lá...
desço até ao umbigo que parece um poço
onde sacio a minha sede, o meu desejo...
e desço...
desço mais... e perdido...
deixo-me ir pelas ancas, pelos joelhos até aos pés...
lavo-os com carícias, massajando com beijos...
sem te aperceberes, subo pelas pernas...
e perco-me...

abro os olhos e percebo que estou só na cama
desejando, pelo menos, ter-te a meu lado...

Bruno Ribeiro
Lisboa, 13 de Dezembro de 2003