terça-feira, outubro 23, 2007

Vagens (d)escritas

photo: nas lagrimas seco a minha dor!_daniel oliveira



No silêncio destas páginas,
Remeto esquiços em formas de palavras
Do meu pensar e sentir,
Vagens da vida,
Que se estendem na palma da mão!

São fragrâncias da solidão
Do recordar o que recordo
Sem pensar no que sinto
Sentindo o que penso…

Breves suspiros entoam
Por entre os sons nocturnos
Pequenos prazeres concedidos
Por entre as recordações que recordo
E que vagueiam no meu pensar!

Estende a mim a tua mão…
E faz-me percorrer o trilho dos teus passos
Deixados na terra molhada
Dos momentos vividos…
E leva-me contigo de mão dada
Através desse trilho pintado
Debaixo do teu olhar, sorrindo
Uma qualquer palavra
Que os teus lábios soltam…
À espera de um beijo meu!

E nos desejos que estas páginas revelam
Remeto-me ao silêncio das palavras
Escritas com tinta negra
Pela saudade sentida
Através das palavras descritas
Da gélida sensação da tua ausência!


Bruno Ribeiro
PMS, 6. Abril.007

segunda-feira, outubro 15, 2007

vazio

photo: olhas-te _ .k&p

Um banco do jardim sem gente…
Baloiço sem esperança.
Barco à vela sem vento
E circo sem palhaços…
(palhaço a preto e branco)

Uma casa sem vida,
Árvore seca sem folhas
Caídas no chão, esmagadas…
Dia sem sol, sem chuva, sem nuvens…
Noite sem estrelas, sem lua
(apenas o uivo de um lobo à lua negra cheia)

Flor murcha, vinil riscado,
Pétala caída, lágrima derramada,
Calçada de carvão, seda preta,
Olhares vazios…
Sorrisos tristes, esperanças apagadas…

Jardim sem verde, só cinza…
Praia sem areia ou mar…
Esplanada no deserto sem sombra,
Sombras de vultos negros…
Candeeiros de luz escura…
Palavras em silêncio
Cama de espinhos…

Poetas de palavras secas,
Pintores sem telas,
Música sem acordes…

Sento-me no banco do jardim molhado
Da chuva de cinzas,
Derramadas pelo sol… murcho,
Criança de olhar cabisbaixo
Com roupas esfarrapadas, sem brinquedo,
Pontapés numa pedra solta da calçada,
Ladrar rouco de um cão mudo,
Olhares de gentes estranhas, olhar vazio,

Sozinho no seio de uma multidão
Deambulando por ruas sombrias,
Perseguido por uma pequena nuvem negra,
Carregada de facas e espinhos,
No chão brasas incandescentes,
Os meus pés? A sangrarem…
Espelho sem reflexo,
Sorriso forçado…
Mão dada com a própria sombra,
Desabafo surdo esperança perdida…
A última lágrima despida…
O último fôlego… adeus!

Bruno Ribeiro
Lx. 28.Out.06

sexta-feira, outubro 12, 2007

sussurro!

photo: Eve of Seduction _ Elsio Arrais

‘sussurra em mim os versos do teu corpo
enquanto te penetro na alma com o olhar
e devagar… toca-me com as tuas mãos
e pinta o meu corpo com a tua saliva!


diz que me desejas…
preenche o meu ego com palavras doces
e varre o meu ser com o teu cabelo…
sente os meus beijos
como pétalas que deslizam na tua pele
enquanto a melodia das nossas fragrâncias se cruza

sussurra mansinho a poesia do teu sentir
e sem temer demonstra que me desejas
fuzila-me com o teu olhar
pois não o receio e até o anseio…
e com ele desliza sobre mim
ao mesmo tempo que as mãos o seguem!
os meus lábios que se aproximam dos teus
em palavras silenciosas de te querer
sobre o olhar misterioso da lua
única testemunha e nossa cúmplice!

‘e vagueiam em mim desejos e sonhos
que derivam sobre o mar da poesia
soltos como palavras que se amam
debaixo da pálida folha de papel…
e no teatro dos sonhos de um livro
derramo os versos do meu olhar
sentir o vibrar do meu ser
como o sentido acorde de um violino
que derrete o frio da escuridão
através do esboço do teu olhar!

no silêncio da escuridão,
quando todos os outros seres dormem
segreda-me o teu gemer de prazer
enquanto a melodia do teu suspirar
descreve o tango que danças sobre mim
despenteando o ar com os teus movimentos
e ao sentir a brisa do teu respirar
anseio os teus lábios e o teu olhar…

‘sussurra em mim os versos do teu corpo
enquanto te penetro na alma com o olhar
e devagar… toca-me com as tuas mãos
e pinta o meu corpo com a tua saliva!


para não nos perdermos apenas na página do prazer
deixamos os corpos despidos e insaciados
colados um ao outro… cúmplices
e esculpimos a dança eterna
da paixão silenciosa entre os nossos seres
descrevendo um livro de fantasias
que se encontram em cada nosso olhar!
e com os teus lábios silenciosos
diz-me que me desejas com um beijo!

Bruno Ribeiro
PMS, 23.Março.007

sexta-feira, outubro 05, 2007

Ilusões


Acorda-me com um beijo,
Acorda-me deste sonho que não quero,
Acorda-me… diz-me que foi só pesadelo…
Deixa-me olhar-te e retribuir com um sorriso,
Com outro beijo…

Ainda sinto os teus lábios carnudos e macios
Abraçar-me nos teus sorrisos…
Ainda sinto o teu perfume espalhado
Em mim…

Deixa-me olhar-te…
Pois não me canso de olhar para ti
Nunca me cansarei…

Acorda-me…
Desta utópica realidade que não desejo
E sorri-me com palavras doces…
Deixa-me embrenhar-me nos teus cabelos
E pegar o ar de mãos dadas…
Deixa-me nadar no teu olhar,
Pois jamais deixarei de me cansar de te olhar…

E em cada instante sem ti morro…
Para de seguida renascer com esperança
Para depois me afogar em lágrimas…


Bruno Ribeiro
Lx. 12.Nov.06