quarta-feira, dezembro 27, 2006

vivo e sobrevivo


vivo num anoitecer dos sentidos,
sobrevivo na ausência do teu ser!


Grito palavras surdas de desespero
Porque a solidão abraça-me, envolve-me
Num emaranhado sombrio…

vivo sem o sentido de anoitecer
sobrevivo no meu ser a tua ausência!


Navego num mar dos teus olhos
Onde me perco pela ilusão
De te ter nos meus braços – vazio!

vivo o anoitecer na tua ausência
sobrevivo no meu ser sem sentido!


Bruno Ribeiro
Lx. 15.Nov.06

domingo, dezembro 24, 2006

o sentido das coisas

Se para ti faz sentido,
Para mim sentir o sentido disto
Não faz sentido,
Porque sentido sem ti não faz
E em mim o sentido não existe.

Se para ti faz sentido,
Tentar perceber um sentido qualquer
É perda de qualquer sentido
Porque sem ti eu não faço sentido.

E o sentido das coisas é efémero
E desconfio se alguma vez
Perceba o sentido disto…

Bruno Ribeiro
Lx. 10.Out.06

sexta-feira, dezembro 22, 2006

uivo ao luar

dançando entre sombras…
viajo em delírios solitários
por ruas escuras em noites sem luar,
por entre mares vagos,
por entre estrelas apagadas,
numa cama vazia!

de olhos abertos,
em horas que queria dormir,
viajo pelo passado e sorrio
e quando paro de navegar – choro
porque não sei estar sozinho!

num quadro negro
rabisco a carvão os meus sonhos
e sem me aperceber,
surge o teu rosto…

em melodias surdas
toco violino e solto o coração
som triste que bate nas minhas mãos,
e olho para o chão…
as cinzas das horas sem ti
diluo-as nas minhas lágrimas.

Bruno Ribeiro
Lx. 15.Nov.06

segunda-feira, dezembro 18, 2006

aniversário do meu ser!


são tudo ilusões...
rostos que sorriem para esconder as lágrimas...
lágrimas que caem por entre rasgos de sombra,
rostos que pouco têm para sorrir.
e em dias festins,
pouco há a celebrar
e do pouco que há a vontade é diminuta...
e há lágrimas em vez de fogo de artifício...
não passa tudo de ilusões...
e da transparência de um qualquer olhar
[talvez o meu]
brotam de olhos esverdeados o vazio
de nada ter para celebrar
neste dia que é o meu!
pois as lágrimas afogam qualquer vontade
de sorrir em qualquer momento
que o crepúsculo dos sentidos renova
num momento qualquer de solidão...

[a prenda que mais desejava não a tive]

Bruno Ribeiro
18.Dezembro.06

quinta-feira, dezembro 14, 2006

lágrimas negras


folha de papel.
onde tento escrever palavras que me consolem
da dor que sinto
e teima em me doer...
borratada por lágrimas negras
que nada falam e tudo dizem...
num desespero meu,
de gritos silenciosos...
que teimam em não se ouvir,
angústia minha, pesadelo meu,
terror que me assombra e me tortura.
lágrimas secas,
que teimam em esfarrapar os olhos como fagulhas,
de tanta dor que causam
ao brotarem dos olhos meus,
que choram sem parar,
embalados numa melodia
que com as cinzas das horas,
teimam em me amedrontar
num pesadelo constante
outrora sonho presente.
vivo sem saber viver
num mundo que já não entendo,
morro sem saber...
e choro sem te aperceberes...


Bruno Ribeiro

terça-feira, dezembro 12, 2006

mensagem ao entardecer


desculpa-me se tenho saudades…
desculpa-me se não consigo apagar o que sinto…
desculpa-me se não consigo deixar de desejar os teus beijos…
desculpa-me se choro…
mas não consigo,
não consigo deixar de te amar…

Bruno Ribeiro
Lx. 25.Out.06

ao relento


Ruas escuras…
Frio.
Passeios imundos… molhados,
Lixo espalhado pelo chão…
Dejectos humanos.
Tristeza em cada esquina,
Animais em decomposição,
Caixas de papelão.
O silêncio dos abandonados…
O som da calçada…
Chuva fria e negra…
Repuxos de lágrimas…
Um manto roto e mal cheiroso,
Sirenes distantes,
Olhares esquivos…
De transeuntes desconhecidos.

Noite longa…
Melancolia…
Nostalgia…
A ausência de afecto.
Terna solidão que ninguém deseja.
Vazio…
Sombras…
Prédios caídos, escombros…
Ossos de abandonados…
Precipícios em cada alma,
Corações guardado no esquecimento,
Roupas esfarrapadas…

O meu corpo dorido,
Cansado…
Noites, atrás de noites sem dormir,
Olhos exaustos,
Lágrimas, atrás de lágrimas…
Coração despedaçado…
Alma evaporada…
Espírito sem confiança…


Vazio em cada olhar,
Esperanças ausentes…
Pesadelos com os olhos fechados,
Pesadelos com os olhos abertos…
O frio da solidão…

Bruno Ribeiro
Lx. 2.Nov.06

terça-feira, dezembro 05, 2006

pesadelos


Nos teus braços… perco-me,
Os meus lábios procuram os teus
Num impulso automático,
Os nossos olhos penetram-se….
Os nossos corpos lado a lado
Ocupam o espaço que nos separam
Nesta noite tão fria…
As estrelas reflectem felicidade…

‘os mares revoltam-se…

… e acordo…
Rebolando entre os lençóis
Desta cama vazia…
O frio da solidão atravessa-me a espinha
E sinto o rosto lavado de sal…

Bruno Ribeiro
Porto de Mós, 4.Nov.06